A aranha e as uvas, fábula de Leonardo da Vinci

8 12 2020
Lloyd Nelson Grofe (EUA, 1900-1978), Capa da Nature Magazine, Vol. 16 nº4, Outubro, 1930.

Você encontrará neste blog diversas fábulas de Leonardo da Vinci.  Além de grande pintor, arquiteto e cientista, o gênio da Renascença italiana também ficou conhecido por sua arte de conversar, de contar histórias.  Também escreveu e anotou fábulas e contos populares, lendas e anedotas, organizando-as em volumes diversos.   Algumas dessas lendas foram traduzidas por Bruno Nardini e publicadas no Brasil em 1972.  Transcrevo aqui a fábula  A aranha e as uvas do volume de Leonardo chamado: Fábulas, Atl. 67 v.b.)  Em: Fábulas e lendas, Leonardo da Vinci, São Paulo, Círculo do Livro: 1972, p.31.

A fábula de hoje, tem uma moral conhecida nossa, sabedoria popular, vinda da tradição latina através de Portugal: Quem o mal deseja a seu vizinho, vem o seu pelo caminho.

 

A aranha e as uvas

 

Uma aranha observou durante dias a fio os movimentos dos insetos, e notou que as moscas ficavam em torno de um grande cacho de uvas muito doces.

— Já sei o que fazer, disse ela para si mesma.

Subiu para o alto da parreira e, por meio de um tênue fio, desceu até o cacho de uvas, onde instalou-se num pequenino espaço entre duas frutas.

De dentro do esconderijo começou a atacar as pobres moscas que vinham em busca de alimento. Matou muitas delas, pois nenhuma suspeitava que houvesse ali uma aranha.

Porém em breve chegou a época da colheita.

O fazendeiro foi para o campo, colheu o cacho de uvas e atirou-o para dentro de uma cesta, na qual se viu espremido junto com outros cachos.

As uvas foram a armadilha fatal para a aranha impostora, que morreu exatamente como as moscas que enganara.