Visita à cidade da Bahia, James C. Fletcher, 1855

16 07 2020

 

 

 

 

Inimá de Paula - Beija Flor,pastel, 1994, 68x87 cmBeija-flor, 1994

Inimá de Paula (Brasil, 1918- 1999)

pastel, 68 x 87 cm

 

 

“Não acredito que haja qualquer cidade no Brasil que interesse tanto o estrangeiro como a Bahia. É a capital espiritual do país, sendo a residência do arcebispo. As igrejas, os conventos e outros edifícios públicos, são de grandes proporções, porém apresentam aspecto provinciano. O povo é alegre e sociável, e, nas minhas extensas viagens por todo o Império, não encontrei em lugar nenhum uma sociedade igual a da Bahia.  Na casa do cônsul americano, Sr. Gillmer, está-se sempre seguro de encontrar brasileiros dos mais refinados e bem educados.

……….

A residência do Sr. Gillmer está situada em um agradável ponto da cidade, onde a vegetação e as flores são abundantes. Cada noite as brisas carregam os mais suaves perfumes, e a cada manhã o sol parece revelar novas belezas nos botões que se abrem em lindas flores. Da mesma forma a casa do Sr. Nobre era circundada pela sombra de árvores frutíferas, e seu grande salão semanalmente se enchia de músicos amadores e profissionais, que davam os mais encantadores saraus musicais.

Muito cedo de manhã, olhei da janela da casa do cônsul e vi sobre os ramos de uma árvore de fruta-pão embaixo de mim, um beija-flor quietamente em seu delicado ninho.  No meio da folhagem parecia um fragmento de lápis-lázuli circundado de esmeraldas, pois o seu dorso é do mais carregado azul. Em qualquer parte do Brasil vê-se abundantemente essa pequena joia alígera, em suas muitas variedades, ao passo que na América do Norte, desde o México até o 57º de latitude, dizem haver apenas uma espécie de beija-flor.  O Sr. Gosse chama, a espécie, de rabo-longo, a joia da ornitologia americana; e bem merece o título se considerarmos os raios de rico verde-dourado, púrpura-escuro, azulado-escuro brilhante, e o magnífico verde-esmeralda, que irradiam dessa joia dotada de asas.

Os machos figuram entre as criaturas mais beligerantes — raramente encontrados sem estar em terríveis combates.”

 

Em: As Ladeiras e as igrejas (Na Bahia de Todos os Santo, 1855),  texto de James C. Fletcher,  incluído no livro Coqueirais e chapadões: Sergipe e Bahia, seleção, introdução e notas de Ernani Silva Bruno, Organização de Diaulas Riedel, São Paulo, Cultrix: 1959, pp. 107-8.

 

NOTA: James Cooley Fletcher missionário, presbiteriano, norte-americano que, em missão evangélica, viveu no Brasil, percorrendo várias de suas províncias entre os anos de 1851 e 1865.


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17 07 2020
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Lindo

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