Araçoiaba da Serra
Joel Firmino do Amaral (Brasil, 1951)
aquarela sobre papel
Paisagem sertaneja
Gustavo Barroso
“Vasto, dourado à luz do meio-dia,…o vale de Araçoiaba era duma beleza forte e impressionante de paisagem sertaneja. Ao fundo barravam-lhe a perspectiva, altas, abruptas, as serras de Baturité e do Acarape, onde emergiam da verdura brancos telhados de granito, faiscando ao sol. A glória luminosa do dia enchia tudo. Sob ela cintilavam os penhascos, incendiam-se as micas, palhetavam-se de tons flavos as águas paradas de uma lagoa ao longe. Aqui e ali uma grande árvore derramava sombra numa fachada clara de casa matuta ou espargia frescura sobre um quintalejo benfeitorizado. Pelo recosto do cerro descia em ondulações de veludo novo uma capoeira densa, de fetos, de marmeleiros e ameixeiras bravas. Por tudo e em tudo, do alto azul do céu à calma horizontal das águas empoçadas, do dorso corcovado dos montes às extensões lisas da planície, sorria farta, orgulhosa, a pompa régia do inverno. A terra tinha um nobre e calmo aspecto de abundância; o céu, um claro riso de bondade e proteção.”
Em: Flor do Lácio, [antologia] Cleófano Lopes de Oliveira, São Paulo, Saraiva: 1964; 7ª edição. (Explicação de textos e Guia de Composição Literária para uso dos cursos normais e secundário) p. 37.
Este livro foi usado no curso secundário da década de 1960, quase 60 anos se passaram e talvez seja necessário uma ajuda com vocabulário:
palhetar — salpicar
flavo — amarelado, dourado
quintalejo — pequena quinta