“25 de dezembro [1940]
As luzes tão débeis das velinhas coloridas derretem a escura neve que a fieira dos dias acumula nos corações. Vera e Lúcio são como retratos do passado – o mesmo espanto, os mesmo gritos! E os olhos sentem que foram criados para o êxtase das bolas multicores, das estrelas brilhantes, dos brinquedos ricos ou pobres. O verde da Árvore é o verde da esperança. Invisíveis pássaros de paz fazem ninho nos ramos enfeitados. Poderemos ouvir os seus cantos de paz.
Perdão para os nossos inimigos, perdão para os nossos amigos, perdão para nós próprios. Gosto de amor na boca. Boca – espelho do coração”.
Em: A mudança, Marques Rebelo, 2º volume de O Espelho Partido, São Paulo, Martins: 1962
Tocante!
E acho que perdi esse êxtase pelo brilho da festa…
Quando o brilho dos olhos de minha mãe perderam-se na falta de lucidez da velhice perdi também, e de vez, deixei de ver brilho no natal. Perdão é muito difícil e eu não consegui perdoar a vida pelo envelhecimento dela.