David Brooke (Inglaterra, contemporâneo)
acrílica sobre tela, 25 x 25 cm
David Brooke (Inglaterra, contemporâneo)
acrílica sobre tela, 25 x 25 cm
Paisagem em Teresópolis, ao fundo o Dedo de Deus, 1947
Orlando Teruz (Brasil, 1902-1984)
óleo sobre tela, 33 x 55 cm
Cena de uma peça, [Shibai Ukie], c. 1740
[Teatro Edo Ichimura-za]
Masanobu Okumura (Japão 1686-1764)
Uma narrativa sensível e indireta. Delicada. Com um tema que me pareceu um tanto datado: divórcio. Foi difícil, para mim, me situar em um tempo anterior à Segunda Guerra Mundial, em um Japão cujas principais metáforas para a explicação dos sentimentos foram o teatro Kabuki ou músicas cantadas que diferenciam a língua falada em Tóquio da língua falada em outra área. As metáforas, extensas, nesse livro, vêm cheias de considerações que eu sabia estar perdendo, limitada pela minha ignorância sobre a cultura do país na época.
A introdução à metáfora do teatro logo no início do romance passa ao largo de quem não conhece os personagens. Sim, no palco há uma boneca mulher, que não tem vontade própria. Mas é só isso? Não há de haver mais já que passamos tanto tempo enroscados naquela descrição. Encontrei-me consultando o Google a cada vinte páginas, tentando captar mais do que uma leitura superficial do texto.
Sim, a dúvida do casal, mais dele do que dela, de se separar ou não. Entregar-se à modernidade ocidental ou às tradições nipônicas de pré-guerra é óbvia, permanente e angustiante. Mas por ser parte de uma narrativa metafórica e oblíqua, leva muito tempo para ser desenvolvida.
Penei para achar uma maneira de relatar as minhas frustrações com o romance sem tentar desencorajar quem quer que seja de lê-lo, pois a opinião da maioria dos leitores desse romance é muito mais apreciadora do que a minha. Mas fui forçosamente lembrada dos romances do início do século XX, em que as histórias podem ser longas e um tanto repetitivas porque muitas vezes apareciam em capítulos semanais.
Definitivamente não recomendo sua leitura como uma introdução à literatura contemporânea japonesa, mesmo sendo este autor considerado um dos pais da moderna literatura do país.
Ladyce West
Louro. Natural.
E daí?
Não nega a origem
Brasileira
Portuguesa
Celta
Escocesa, irlandesa
Dos antepassados.
Meu cabelo crespo
Pixaim, Judeu
Cristão-Novo,
Que começa a manhã
Arrepiado,
Rebelde, espantado
É só uma herança,
Bonança do passado,
Sobrevivente de guerras,
Da perseguição
Aos católicos,
Aos protestantes.
Da inquisição
E das mãos de Hitler.
Sim, meu cabelo
É louro, pixaim, rebelde,
Europeu,
Brasileiro,
Como eu.
©Ladyce West, Rio de Janeiro, 2014