Mariposa fantasma, soneto de Maria Thereza de Andrade Silva

8 05 2014

 

 

frank xavier leyendeckerIlustração de Frank Xavier Leyendecker.

 

Mariposa Fantasma

 

Maria Thereza de Andrade Silva

 

Veio da noite, em voo palpitante,

Perder-se na quietude desta sala.

Num bailado letal e delirante,

Cresta na luz as asas cor de opala.

 

Voa; já nada enxerga o olhar faiscante.

Ama a luz, e essa luz há de queimá-la.

E, enquanto houver calor, estranha amante,

É cega e embriagada está… Deixá-la!…

 

Mas brandamente a luz se extingue, e morre…

— Que novo ardor as asas lhe percorre,

Para que dance ainda, alucinada!

 

Deixá-la. É cega! Que lhe importa a chama?

Inda sente o calor perdido, e ama,

E voa em torno à lâmpada apagada!

 

Em: É primavera … escuta. de Maria Thereza de Andrade Silva, Rio de Janeiro:1949, p. 93


Ações

Information

2 responses

12 05 2014
Avatar de Maria Helena Oswaldo Cruz Maria Helena Oswaldo Cruz

Interessante!

12 05 2014
Avatar de peregrinacultural peregrinacultural

Diferente!

Deixar mensagem para Maria Helena Oswaldo Cruz Cancelar resposta