–
–
Pescador na beira do rio, 1932
Archimedes Dutra (Brasil, 1908-1983)
óleo sobre madeira, 27 x 35 cm
–
Poema
–
Fernando Pessoa
–
Na ribeira deste rio
ou na ribeira daquele
passam meus dias a fio.
Nada me impede, me impele,
me dá calor ou dá frio.
–
Vou vendo o que o rio faz
quando o rio não faz nada.
Vejo os rastros que ele traz,
numa sequência arrastada,
do que ficou para trás.
–
Vou vendo e vou meditando,
nem bem no rio que passa
mas só no que estou pensando,
porque o bem dele é que faça
eu não ver que vai passando.
–
Vou na ribeira do rio
que está aqui ou ali,
e do seu curso me fio,
porque, se o vi ou não vi,
ele passa e eu confio.
–
–
Em: Antologia poética para a infância e a juventude, Henriqueta Lisboa, Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro: 1961, p. 150-151.





Este poema não era nosso conhecido. 😎
A combinação entre imagem e texto está, mais uma vez perfeita.
Obrigada! 😉