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Adoração ao Menino Jesus, 1500
Ambrigui Bergognone (Itália, 1453-1523)
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Natal
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Olavo Bilac
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Jesus nasceu. Na abóbada infinita
Soam cânticos vivos de alegria;
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria…
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Não houve sedas, nem cetins, nem rendas
No berço humilde em que nasceu Jesus…
Mas os pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na Cruz.
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Sobre a palha, risonho, e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria,
Vede o Menino-Jesus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.
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Não nasceu entre pompas reluzentes;
Na humildade e na paz deste lugar,
Assim que abriu os olhos inocentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar.
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No entanto, os reis da terra, pecadores,
Seguindo a estrela que ao presepe os guia,
Vem cobrir de perfumes e de flores
O chão daquela pobre estrebaria.
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Sobem hinos de amor ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sobre esta palha está quem salva o mundo,
Quem ama os fracos, quem perdoa o Mal!
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Natal! Natal! Em toda a Natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia…
Salve Deus da Humildade e da Pobreza
Nascido numa pobre estrebaria.
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Em: Terra Bandeirante, 4º ano — pequena antologia sobre a terra, o homem e a cultura do estado de São Paulo, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir:1954
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Vocabulário:
abóbada — teto arqueado
infinita — sem fim
oferendas — presentes
palpita — agita-se
pompa — luxo, riqueza
reluzente — brilhante
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Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (RJ 1865 — RJ 1918 ) Príncipe dos Poetas Brasileiros – Jornalista, cronista, poeta parnasiano, contista, conferencista, autor de livros didáticos. Escreveu também tanto na época do império como nos primeiros anos da República, textos humorísticos, satíricos que em muito já representavam a visão irreverente, carioca, do mundo. Sua colaboração foi assinada sob diversos pseudônimos, entre eles: Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., e muitas vezes sob seu próprio nome. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. Sem sombra de duvidas, o maior poeta parnasiano brasileiro.
Obras:
Poesias (1888 )
Crônicas e novelas (1894)
Crítica e fantasia (1904)
Conferências literárias (1906)
Dicionário de rimas (1913)
Tratado de versificação (1910)
Ironia e piedade, crônicas (1916)
Tarde (1919); poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957) e obras didáticas
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