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Para mantê-los me empenho,
porque penso sempre assim:
tendo os amigos que tenho,
eu nem preciso de mim!
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(Izo Goldman)
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Para mantê-los me empenho,
porque penso sempre assim:
tendo os amigos que tenho,
eu nem preciso de mim!
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(Izo Goldman)
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Ned Anshutz lendo, c. 1900
Thomas Pollock Anshutz ( EUA, 1851-1912)
óleo sobre tela, 96 x 68 cm
Museu do Brooklyn, Nova York
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Christopher Morley
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Vista parcial de Ouro Preto, s/d
Mário Agostinelli (Peru 1915 – Brasil, 2000).
óleo sobre tela colada em madeira, 47 x 56 cm
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Antonio Gedeão
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Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.
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Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.
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Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desempara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.
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Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valências de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.
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Em: Poesias completas (1956-1967), coleção Poetas de hoje, Lisboa, Portugália:s/d
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Rômulo Vasco da Gama de Carvalho , rambém conhecido pelos pseudônimos : Antonio Gedeão ou por Rômulo de Carvalho. (Portugal, 1906-1997) Poeta, professor e historiador da ciência portuguesa. Teve um papel importante na divulgação de temas científicos, colaborando em revistas da especialidade e organizando obras no campo da história das ciências e das instituições. Revelou-se como poeta apenas em 1956, com a obra Movimento Perpétuo.
Obras poéticas:
Movimento perpétuo, 1956
Teatro do Mundo, 1958
Máquina de Fogo, 1961
Poema para Galileu 1964
Linhas de Força, 1967
Poemas Póstumos, 1983
Novos Poemas Póstumos, 1990
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Foi com um misto de júbilo e tristeza que li esta semana que o DNA de dinossauros não poderá ser recuperado. A ideia de que Michael Crichton se valeu para escrever o livro de suspense e aventura Jurassic Park, que nas mãos de Steven Spielberg se tornou um sucesso de bilheteria no cinema, não é viável. Minha alegria veio de saber que não passaremos pelos perigos possíveis de termos, nas mãos de governos ou companhias particulares inescrupulosos, a possibilidade de criação dessas feras. Mas tristeza porque tenho uma curiosidade imensa, que não conseguirá ser satisfeita, em relação a esses seres bestiais.
Tudo já indicava, no mundo científico, que a “reconstituição dos dinossauros” não seria possível. Mas na dúvida havia sempre uma pequena brecha, uma centelha de esperança, de vermos um dia um dinossauro vivo, até que cientistas na Nova Zelândia descobriram o tempo máximo de estocagem de material genético.
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Depois que a célula morre, enzimas começam a desfazer os ligamentos entre os nucleotídeos que formam a estrutura do DNA. Micro-organismos ajudam então na decomposição. No entanto, a expectativa de manutenção das características de DNA são em geral dependentes da proximidade de água, que aumenta a rapidez da decomposição. Água na terra onde se encontra um osso de dinossauro, por exemplo, deveria poder estabelecer o ritmo de degradação do DNA.
Foi justamente essa determinação que se mostrou bastante difícil, principalmente porque há muitos fatores tais como temperatura, ataque de micróbios, condições do meio ambiente, oxigenação que podem alterar a velocidade do processo de decomposição. Comparando DNA de diferentes idades da mesma espécie assim como diferentes níveis de decomposição, os cientistas foram capazes de determinar que em 521 anos o DNA perde metade das conexões entre nucleotídeos.
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Mas ainda há muito que se descobrir. Os pesquisadores afirmaram que a idade do DNA afeta quase 38% da degradação – eles usaram ossos do moa, para o estudo. Outro fatores tais quais preservação, maneira de estocagem de produto escavado, a química do solo e até mesmo a época do ano em que o animal morreu podem contribuir como fatores que diferenciam os níveis de degradação, fatores que ainda precisam ser estudados.
E lá se vai a porta da esperança de se ver um desses animais do passado, talvez, um preso em âmbar, “renascido”. A porta se abre mais cautelosa, oferecendo só uma frestinha de esperança… Mas quem sabe? Talvez, num futuro longínquo possamos ainda reviver, ressoprar a centelha da vida num desses animais pré-históricos…
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Mlle Guillaumin lendo, 1907
Armand Guillaumin (França 1841-1927)
óleo sobre tela
Coleção Particular
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Armand Guillaumin nasceu em Paris em 1841. Em 1856 começou seus estudos artísticos em Paris na École Municipale sob a orientação do escultor Caillouet. Tornou-se empregado na Estrada de Ferro de Paris em 1860, indo morar em Montmartre. Logo começou seus estudos na Académie Suisse, onde conheceu Pissarro e Cezanne. Em 1863 mostrou seu trabalho junto a Cezanne, Edouard Manet e Pissarro no Salon des Refusés. Só em 1868 conseguiu deixar o trabalho na ferro-carril e se concentrar exclusivamente na pintura. Em 1877 Pissarro o apresentou a Gauguin. Em 1871 viajou; primeiro por diversas partes da França, depois pela Holanda. Manteve-se fiel ao impressionismo. Faleceu em 1927 em Orly, na França.
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Tapeçaria da Série A Dama e o Unicórnio, c. 1470-1475
Museu de Arte Medieval, França
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Tracy Chevalier me encantou há alguns anos com sua Moça com Brinco de Pérola, que li muito antes do filme ter chegado aos cinemas. Mais tarde li o romance Viva Chama, que apesar de interessante já não me pareceu tão evocativo de uma era. Por isso mesmo deixei passar um bom tempo para ler A dama e o unicórnio. Raramente a boa experiência de leitura de um autor se duplica na leitura seguinte se ainda estou sob o feitiço do primeiro encontro. E temi que este livro sobre as famosas tapeçarias francesas da proto-renascença pudesse me trazer descontentamento. Posso garantir no entanto que este é um livro charmoso, agradável e um testemunho da grande criatividade da autora que se revela muito hábil ao imaginar as situações que poderiam ter levado à produção das tapeçarias assim como as vidas dos artesãos que as teceram.
O encanto do livro Moça com brinco de pérola não se repetiu. Mas também não saí ao final dessa leitura desapontada: esta é uma narrativa leve, sensual, que tem o mérito de respeitar aquilo que se sabe hoje sobre as tapeçarias em questão. E ainda, este é um romance que traz aos olhos do século XXI, aos não historiadores, a quem não precisa refletir sobre as condições de vida e de trabalho no século XV, uma perspectiva de como seria a vida de então, com suas restrições, suas liberdades, as regras das guildas artesanais, o papel do monastério de freiras na vida de uma mulher. Porque sua pesquisa foi bem feita, Tracy Chavalier instrui ao mesmo tempo que assume o papel de uma Sherazade.
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Se por um lado a trama é tênue e previsível, por outro ela se salva pela acuidade na representação do trabalho artesão e de fatos históricos. Isso releva quaisquer faltas no comportamento quase licencioso retratado em alguns personagens femininos, comportamento inexato pelo que se sabe serem as normas vigentes na época. Não obstante, A dama e o unicórnio oferece um entretenimento leve e informativo.
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Pensei fazer um feitiço
para esquecer-te, mas vi
que de tanto pensar nisso
é que penso mais em ti.
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(Lilinha Fernandes)
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Mike Absalom (Grã Bretanha, 1940)
acrílica sobre tela, 80 x 80 cm
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J. Paul Getty
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Mário Quintana
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(Para Érico Veríssimo)
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Primavera cruza o rio
Cruza o sonho que tu sonhas.
Na cidade adormecida
Primavera vem chegando.
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Catavento enloqueceu,
Ficou girando, girando.
Em torno do catavento
Dancemos todos em bando.
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Dancemos todos, dancemos,
Amadas, Mortos, Amigos,
Dancemos todos até
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Não mais saber-se o motivo…
Até que as paineiras tenham
Por sobre os muros florido!
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Em: Canções, de Mario Quintana, Rio de Janeiro, Globo: 1946