Quadrinha dos meus amigos

19 10 2012

Para mantê-los me empenho,
porque penso sempre assim:
tendo os amigos que tenho,
eu nem preciso de mim!

(Izo Goldman)





Palavras para lembrar — Christopher Morley

19 10 2012

Ned Anshutz lendo, c. 1900

Thomas Pollock Anshutz ( EUA, 1851-1912)

óleo sobre tela, 96 x 68 cm

Museu do Brooklyn, Nova York

“O verdadeiro objetivo dos livros é laçar a mente para fazê-la pensar por si própria”.


Christopher Morley





Minha Aldeia, poema de Antonio Gedeão

18 10 2012

Vista parcial de Ouro Preto, s/d

Mário Agostinelli (Peru 1915 – Brasil, 2000).

óleo sobre tela colada em madeira, 47 x 56 cm

Minha aldeia

Antonio Gedeão

Minha aldeia é todo o mundo.

Todo o mundo me pertence.

Aqui me encontro e confundo

com gente de todo o mundo

que a todo o mundo pertence.

Bate o sol na minha aldeia

com várias inclinações.

Ângulo novo, nova ideia;

outros graus, outras razões.

Que os homens da minha aldeia

são centenas de milhões.

Os homens da minha aldeia

divergem por natureza.

O mesmo sonho os separa,

a mesma fria certeza

os afasta e desempara,

rumorejante seara

onde se odeia em beleza.

Os homens da minha aldeia

formigam raivosamente

com os pés colados ao chão.

Nessa prisão permanente

cada qual é seu irmão.

Valências de fora e dentro

ligam tudo ao mesmo centro

numa inquebrável cadeia.

Longas raízes que imergem,

todos os homens convergem

no centro da minha aldeia.

Em: Poesias completas (1956-1967), coleção Poetas de hoje, Lisboa, Portugália:s/d

Rômulo Vasco da Gama de Carvalho , rambém conhecido pelos pseudônimos : Antonio Gedeão ou por Rômulo de Carvalho. (Portugal,  1906-1997)  Poeta, professor e historiador da ciência portuguesa.  Teve um papel importante na divulgação de temas científicos, colaborando em revistas da especialidade e organizando obras no campo da história das ciências e das instituições.  Revelou-se como poeta apenas em 1956, com a obra Movimento Perpétuo.

Obras poéticas:

Movimento perpétuo, 1956

Teatro do Mundo, 1958

Máquina de Fogo, 1961

Poema para Galileu 1964

Linhas de Força, 1967

Poemas Póstumos, 1983

Novos Poemas Póstumos, 1990





Júbilo e tristeza: DNA de dinossauros não pode ser recuperado

18 10 2012

Cena do filme Parque dos dinossauros, I.

Foi com um misto de júbilo e tristeza que li esta semana que o DNA de dinossauros não poderá ser recuperado.  A ideia de que Michael Crichton se valeu para escrever o livro de suspense e aventura Jurassic Park, que nas mãos de Steven Spielberg se tornou um sucesso de bilheteria no cinema, não é viável.  Minha alegria veio de saber que não passaremos pelos perigos possíveis de termos, nas mãos de governos ou companhias particulares inescrupulosos, a possibilidade de criação dessas feras.  Mas tristeza porque tenho uma curiosidade imensa, que não conseguirá ser satisfeita, em relação a esses seres bestiais.

Tudo já indicava, no mundo científico, que a “reconstituição dos dinossauros” não seria possível.  Mas na dúvida havia sempre uma pequena brecha, uma centelha de esperança, de vermos um dia um dinossauro vivo, até que cientistas na Nova Zelândia descobriram o tempo máximo de estocagem de material genético.

Cena do filme Parque dos dinossauros, I.

Depois que a célula morre, enzimas começam a desfazer os ligamentos entre os nucleotídeos que formam a estrutura do DNA. Micro-organismos ajudam então na decomposição.  No entanto, a expectativa de manutenção das características de DNA são em geral dependentes da proximidade de água, que aumenta a rapidez da decomposição. Água na terra onde se encontra um osso de dinossauro, por exemplo, deveria poder estabelecer o ritmo de degradação do DNA.

Foi justamente essa determinação que se mostrou bastante difícil, principalmente porque há muitos fatores tais como temperatura, ataque de micróbios, condições do meio ambiente, oxigenação que podem alterar a velocidade do processo de decomposição. Comparando DNA de diferentes idades da mesma espécie assim como diferentes níveis de decomposição, os cientistas foram capazes de determinar que em 521 anos o DNA perde metade das conexões entre nucleotídeos.

Mas ainda há muito que se descobrir.  Os pesquisadores afirmaram que a idade do DNA afeta quase 38% da degradação – eles usaram ossos do moa, para o estudo.  Outro fatores tais quais preservação, maneira de estocagem de produto escavado, a química do solo e até mesmo a época do ano em que o animal morreu podem contribuir como fatores que diferenciam os níveis de degradação, fatores que ainda precisam ser estudados.

E lá se vai a porta da esperança de se ver um desses animais do passado, talvez, um preso em âmbar, “renascido”.  A porta se abre mais cautelosa, oferecendo só uma frestinha de esperança…  Mas quem sabe?  Talvez, num futuro longínquo possamos ainda reviver, ressoprar a centelha da vida num desses animais pré-históricos…

FONTES: Terra, Nature





Imagem de leitura — Armand Guillaumin

16 10 2012

Mlle Guillaumin lendo, 1907

Armand Guillaumin (França 1841-1927)

óleo sobre tela

Coleção Particular

Armand Guillaumin nasceu em Paris em 1841. Em 1856 começou seus estudos artísticos em Paris na École Municipale sob a orientação do escultor Caillouet.  Tornou-se empregado na Estrada de Ferro de Paris em 1860, indo morar em Montmartre. Logo começou seus estudos na Académie Suisse, onde conheceu  Pissarro e Cezanne.  Em 1863 mostrou seu trabalho junto a Cezanne, Edouard Manet e  Pissarro no Salon des Refusés.  Só em 1868 conseguiu deixar o trabalho na ferro-carril e se concentrar exclusivamente na pintura.  Em 1877 Pissarro o apresentou a Gauguin.  Em 1871 viajou; primeiro por diversas partes da França, depois pela Holanda. Manteve-se fiel ao impressionismo. Faleceu em 1927 em Orly, na França.





A dama e o unicórnio de Tracy Chevalier, uma leitura leve

15 10 2012

Tapeçaria da Série A Dama e o Unicórnio, c. 1470-1475

Museu de Arte Medieval, França

Tracy Chevalier me encantou há alguns anos com sua Moça com Brinco de Pérola, que li muito antes do filme ter chegado aos cinemas.  Mais tarde li o romance  Viva Chama, que apesar de interessante já não me pareceu tão evocativo de uma era.   Por isso mesmo deixei passar um bom tempo para ler A dama e o unicórnio.  Raramente a boa experiência de leitura de um autor se duplica na leitura seguinte se ainda estou sob o feitiço do primeiro encontro.  E temi que este livro sobre as famosas tapeçarias francesas da proto-renascença  pudesse me trazer descontentamento.   Posso garantir no entanto que este é um livro charmoso, agradável e um testemunho da grande criatividade da autora que se revela muito hábil ao imaginar as situações que poderiam ter levado à produção das tapeçarias assim como as vidas dos artesãos que as teceram.

O encanto do livro Moça com brinco de pérola não se repetiu.  Mas também não saí ao final dessa leitura desapontada: esta é uma narrativa leve, sensual, que tem o mérito de respeitar aquilo que se sabe hoje sobre as tapeçarias em questão. E ainda, este é um romance que traz aos olhos do século XXI, aos não historiadores, a quem não precisa refletir sobre as condições de vida e de trabalho no século XV, uma perspectiva de como seria a vida de então, com suas restrições, suas liberdades, as regras das guildas artesanais, o papel do monastério de freiras na vida de uma mulher.  Porque sua pesquisa foi bem feita, Tracy Chavalier instrui ao mesmo tempo que assume o papel de uma Sherazade.

Se por um lado a trama é tênue e previsível, por outro ela se salva pela acuidade na representação do trabalho artesão e de fatos históricos.  Isso  releva quaisquer faltas no comportamento quase licencioso retratado em alguns personagens femininos, comportamento  inexato pelo que se sabe serem as normas vigentes na época.  Não obstante,  A dama e o unicórnio oferece um entretenimento leve e informativo.





Quadrinha do meu feitiço

13 10 2012

Ilustração de autoria desconhecida.

Pensei fazer um feitiço

para esquecer-te, mas vi

que de tanto pensar nisso

é que penso mais em ti.

(Lilinha Fernandes)





Palavras para lembrar — J. P. Getty

10 10 2012


Mulher lendo, 2009

Mike Absalom (Grã Bretanha, 1940)

acrílica sobre tela, 80 x 80 cm

www.mikeabsalom.com

“Livros, assim como provérbios, são valorizados pela chancela e estima das épocas  por que passaram”.

J. Paul Getty  





Primavera, Mário Quintana

7 10 2012

Primavera, Ilustração Marie Cramer.

Canção da Primavera

Mário Quintana

(Para Érico Veríssimo)

 –

Primavera cruza o rio

Cruza o sonho que tu sonhas.

Na cidade adormecida

Primavera vem chegando.

 –

Catavento enloqueceu,

Ficou girando, girando.

Em torno do catavento

Dancemos todos em bando.

 –

Dancemos todos, dancemos,

Amadas, Mortos, Amigos,

Dancemos todos até

Não mais saber-se o motivo…

Até que as paineiras tenham

Por sobre os muros florido!

Em: Canções, de Mario Quintana, Rio de Janeiro, Globo: 1946





Trate bem do lugar onde mora: Vote limpo!

7 10 2012