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Flor seca, ilustração de Justin Francavilla.
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A flor e a chuva
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Lachambaudie
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Reina o estio. No vale
Languida flor emurchece,
E chama, p’ra socorrê-la,
Uma nuvem, que aparece.
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“Tu que do Aquilão[*] nas asas
Vais pelo espaço a correr,
Vê que de calor me abraso,
Vem, não me deixes morrer.
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Com essas águas que levas,
A minha dor refrigera.”
— “Tenho missão mais sagrada,
Agora não posso — espera“.
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Disse e foi-se!.. De abrasada
Cai e espira a flor tão bela:
Volta a nuvem e despeja
Quanta água tinha sobre ela.
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Era tarde!
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[*] Aquilão é o vento do norte.
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Em: O Espelho, revista semanal de literatura, modas, indústria e artes, Rio de Janeiro, 1859.
NOTAS:
1 – Não sei de quem é o texto em português. A publicação de 1859, não traz autoria.
2 – Lachambaudie (1807-1872) foi um escritor, poeta, cancioneiro francês. Trabalhou como contador a maior parte de sua vida. Foi um escritor de fábulas, na tradição de seu conterrâneo La Fontaine, em verso. Dentre outras publicações de poesia, distingui-se sobretudo seu livro, Fábulas de Pierre Lachambeaudie, de 1844.
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Frequentemente quando posto uma fábula sem a famosa “moral” no final, alguém inevitavelmente me pergunta pela moral. Não é um obrigatoriedade de todas as fábulas apresentarem uma moral, pré-estabelecida pelo autor. Muitas vezes, talvez até mais do que se imagina, a moral é para ser entendida pelo leitor. Aqui nesse caso, cabe o dito popular:
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Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje.






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