–
–
Um conto de fadas
Léon Herbo (Bélgica, 1850-1907)
óleo sobre tela
–
“Não se queima livros com a intenção de destruir uma cultura. É bastante fazer o povo deixar de lê-los”.
–
–
Ray Bradbury
–
–
Um conto de fadas
Léon Herbo (Bélgica, 1850-1907)
óleo sobre tela
–
–
–
Ray Bradbury
–
–
–
–
Neste domingo de maio,
A ti, querida Mãezinha,
Ofereço com ternura,
Esta singela quadrinha.
–
(Walter Nieble de Freitas)
–
–
Macaco no balanço com banana, ilustração H.A. Rey.–
–
O macaco estava comendo uma banana num galho de pau quando a fruta lhe escorregou da mão e caiu num oco de árvore. O macaco desceu e pediu que o pau lhe desse a banana:
— Pau me dá a banana!
O pé de pau nem-como-cousa. O macaco foi ter com o ferreiro e pediu que viesse com o machado cortar o pau.
— Ferreiro, traga o machado para cortar o pau que ficou com a banana!
O ferreiro nem se importou. O macaco procurou o soldado a quem pediu que prendesse o ferreiro. O soldado não quis. O macaco foi ao rei para mandar o soldado prender o ferreiro para este ir com o machado cortar o pau que tinha a banana. O rei não prestou atenção. O macaco apelou para a rainha. A rainha não o ouviu. O macaco foi ao rato para roer a roupa da rainha. O rato recusou. O macaco recorreu ao gato para comer o rato. O rato nem ligou. O macaco foi ao cachorro para morder o gato. O cachorro recusou. O macaco procurou a onça para comer o cachorro. A onça não esteve pelos autos. O macaco foi ao caçador para matar a onça. O caçador se negou. O macaco foi até a Morte.
A Morte ficou com pena do macaco e ameaçou o caçador, este procurou a onça, que perseguiu o cachorro, que seguiu o gato, que correu o rato, que quis roer a roupa da rainha, que mandou o rei, que ordenou ao soldado que quis prender o ferreiro, que cortou com o machado o pau onde o macaco tirou a banana e comeu.
Recolhido por Benvenuta de Araújo, em Natal no Rio Grande do Norte.
Em: Contos tradicionais do Brasil (folclore) de Luís da Câmara Cascudo, Rio de Janeiro, Edições de Ouro:1967.
Como o autor exemplifica nesse livro os contos acumulativos são muito comuns nas Américas. E Câmara Cascudo relaciona alguns contos semelhantes a este, em que a Morte é chamada no final e todos correm a fazer o que a morte pede, por medo do que possa acontecer. O mais semelhante ao nosso é de origem espanhola.


