Imagem de leitura — Lesser Ury

18 10 2011

No café Bauer, 1898

Lesser Ury (Alemanha 1861-1931)

Lesser Ury nasceu em Birnbaum, na Alemanha em 1861.  Mudou-se para Berlim, após a morte do pai e aos 17 anos, entrou para a Academia de Arte de Düsseldorf para estudar pintura.  Viajou extensivamente pela Europa antes de retornar a Berlim em 1887.  Depois de um início  artístico tempestuoso Ury eventualmente  construiu uma sólida carreira entre os anos de 1915 e 1922. Pintor de gênero, paisagens urbanas, cenas de interior, desenvolveu um estilo próximo ao impressionista, mas de tons mais escuros do que os usados por seus colegas franceses.  Seus trabalhos tornaram-se imensamente populares, principalmente as cenas noturnas em bares.  Morreu em Berlim em 1931.





Não à censura de Monteiro Lobato nas escolas — parte VI e última de textos de Gilberto Freyre

18 10 2011

Cascão coleciona revistas em quadrinhos, ilustração Maurício de Sousa.

Reproduzo aqui, a sexta parte de  uma coletânea de seis textos de Gilberto Freyre, escritos entre 1948 e 1951  para a revista O Cruzeiro, em que o sociólogo esclarece alguns pontos sobre a censura.

Nacionalismo e internacionalismo nas histórias em quadrinhos

(parte VI)   –    Gilberto Freyre

Deste mesmo recanto modesto de página 10 de O Cruzeiro já tive ocasião de referir-me à chamada “história em quadrinhos” como forma moderna de literatura ou arte: uma literatura ou arte cujo mal – o de conteúdo ou substância – não deve ser confundido levianamente com a forma.

A forma tanto pode se prestar a fins educativos como deseducativos.   Correspondendo a um gosto moderno de síntese, tanto da parte de um público infantil como do adulto, deve ser aproveitada pelos educadores e moralistas e não apenas abandonada aos exploradores da vulgaridade ou da sensação.

Em vez de assim procederem, que fazem alguns educadores e moralistas?  Investem contra a história de quadrinhos como os caturras de outrora investiram contra os principais  cinemas, os primeiros rádios.  Até que ficou evidente que jornal, cinema, rádio, tanto se podiam prestar a fins educativos como deseducativos.  Que os próprios padres ou sacerdotes podiam utilizar-se do jornal, do cinema, do rádio para a propaganda da fé e da moral cristã.  Que jornal ou imprensa não queria necessariamente dizer perigo para a ordem estabelecida ou a ortodoxia dominante, mas, ao contrário, podia ser posta a seu serviço.  Que cinema não queria necessariamente dizer a moça quase nua fazendo pecar os adolescentes, homem beijando  escandalosamente mulher, ladrão arrombando cofre, mas, ao contrário, podia ser posto ao serviço da ciência, da história clássica e da própria religião.   Que o rádio não queria necessariamente dizer maior divulgação de samba, de anedota picante, de canção obscena, mas também de música clássica e da própria música de igreja.

Ilustração Walt Disney.

A “história em quadrinhos” está na mesma situação. Também ela pode tornar-se instrumento de divulgação de vidas de heróis, de santos, de sábios, de façanhas de vaqueiros do Nordeste e de gaúchos do Rio Grande do Sul e não apenas as aventuras de gangsters e de cowboys.

Também ela pode tornar-se, para os brasileiros, fonte de conservação de tradições nacionais, em vez de superação dessas tradições por mitos de povos imperiais sem que, entretanto, o justo zelo degenere em “nossismo” intolerante.  “Nossismo” doentio que não admita história com Papai Noel, mas só com Vovô Índio; nem biografia que exalte  Marconi, mas que só glorifique Santos Dumont; nem canto onde apareça lobo ou olmo, mas só onde brilhe a ramagem do cajueiro ou arreganhe a dentuça da suçuarana.

Compreende-se a campanha de nacionalização da história de quadrinhos inciada vigorosamente pelo jornalista Homero Homem.  Mas seria uma lástima que a mística da nacionalização nos levasse aqueles exageros.  E nos fechasse, nas nossas revistas e jornais, às histórias de quadrinhos que não falassem em índio, cajueiro, vaqueiro do Nordeste, suçuarana, pitanga, Caxias, Santos Dumont.

Atualmente, o extremo que domina nas histórias de quadrinhos publicadas nos nossos jornais é o de quase exclusiva americanidade  de motivos, símbolos e personagens.  Devemos reagir contra essa exclusividade lamentável.  Mas não ao ponto de nos fecharmos dentro de motivos, símbolos e personagens exclusivamente brasileiros.  Apenas escolhendo para publicação, histórias, tanto brasileiras quanto estrangeiras, mais capazes de deleitar o público, sem corromper-lhe o gosto.  Pois não nos esqueçamos de que vivemos num mundo que é, cada dia mais, um mundo só, dentro do qual o Brasil deve ser o Brasil sem deixar de ser fraternalmente humano e cordialmente americano.

Em: Pessoas, coisas e animais, de Gilberto Freyre, — ensaios e artigos reunidos e apresentados por Edson Nery da Fonseca,  São Paulo, edição especial MPM Casablanca-Propaganda: 1979.





O feitiço de amor, poema de Walter Waeny Júnior

18 10 2011

Ilustração: Rosas, por Len Steckler, década de 1970.

O feitiço de amor

Walter Waeny Júnior

Floriu, um dia, uma rosa

Sobre o rio; e vendo-a, rara,

Ele, de alma ambiciosa,

Refletiu-a na água clara.

E tanto ele refletiu

Sua efígie encantadora,

Que a rosa não resistiu

E o rio a levou embora.

Porém, adiante, encontrei-a,

Não mais perfumada e bela:

O rio a lançou na areia

E foi embora sem ela.

Em: 232 poetas paulistanos – antologia — Pedro de Alcântara Worms, Rio de Janeiro, Conquista:1968

Walter Weany Júnior nasceu em São Vicente em 1924.  Usou psudôniomo : Guilherme Guimarães.  Contador, funcionário do Banco do Brasil, escritor, poeta e trovador de renome.

Obras:

Ao todo tem 89 obras publicadas, entre elas:

Sonetos esparsos, poesia, 1947

Rei Destronado, poesias, 1950

A Juventude, poesias, 1950

Nascer do Sol, poesias, 1950

O Walthalla, poesias, 1951

Aforismo, 1955

Pensamentos, 1957

Walkyria, poesias, 1950

O Condor, poesia, 1975

Mulher, trovas, sextilhas e traduções, 1990

Ouro e Azul, poesias, 1992

Trovas Escolhidas, 1995





Quadrinha do Astronauta

18 10 2011

Ilustração, desconheço a autoria.

O astronauta que flutua

muito tem a lamentar:

quanto mais perto da lua     

mais distante do luar.

(Nei Garcez)