Paisagem com touro, 1925
Tarsila do Amaral ( Brasil, 1886 – 1973)
óleo sobre tela, 52 x 65 cm
Coleção Particular
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Minha terra
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Casimiro de Abreu
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Todos cantam sua terra
Também vou cantar a minha
Nas débeis cordas da lira
Hei de fazê-la rainha.
— Hei de dar-lhe a realeza
Nesse trono de beleza
Em que a mão da natureza
Esmerou-se em quanto tinha.
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Correi pras bandas do sul:
Debaixo de um céu de anil
Encontrareis o gigante
Santa Cruz, hoje Brasil.
— É uma terra de amores,
Alcatifada de flores,
Onde a brisa fala amores
Nas belas tardes de abril.
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Tem tantas belezas, tantas,
A minha terra natal,
Que nem as sonha o poeta
E nem as canta um mortal!
— É uma terra encantada
— Mimoso jardim de fada –
Do mundo todo invejada,
Que o mundo não tem igual.
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Em: Vamos Estudar? Theobaldo Miranda Santos, 3ª série primária, edição especial para o estado do Rio de Janeiro, RJ, Agyr:1957, 9ª edição.
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Casimiro José Marques de Abreu (Barra de São João, 4 de janeiro de 1839 — Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860) poeta brasileiro da segunda geração romântica. Foi a Portugal com seu pai em 1853, onde permaneceu até 1857. Morreu aos 21 anos de idade de tuberculose. Deixou um único livro de poesias publicado em 1859, Primaveras, mas foi o suficiente para se tornar um dos mais populares poetas brasileiros de todos os tempos.
Obras:
Teatro:
Camões e o Jaú , 1856
Poesia:
Primaveras, 1859
Romances:
Carolina, 1856
Camila, romance inacabado, 1856
A virgem loura,
Páginas do coração, prosa poética,1857







Quando eu tinha 7 anos, recitei em minha escola, no interior do Ceará, este belíssimo poema, que minha mãe mo ensinou.Hoje, aos 79, ainda sei todo de cor, mas não sei se recitaria, pois minha,nossa terra foi transformada num país de homens que não honram sua pátria, que trocaram sua alma por dinheiro adquirido de forma espúria.Casimiro de Abreu morreria de vergonha e de desgosto.
Este poema é realmente lindo e por amar a minha terra, Farias Brito CE escrevi um poema e resposta a uma pessoa que disse que não sabia porque eu falava tanto do nordeste:
Meu canto
Alguns amigos me chamam de poeta
E outros me chamam cordelista
Meus parentes me chamam por meu nome
Mas o meu povo me chama de artista.
É por isso que eu canto o meu povo
Suas dores, alegrias e tristezas
Não escondo os indecoros que existe
Mas me esforço para cantar as belezas
Desta terra desprovida de um rei
Onda a lua toda noite faz clarão
E o sol impetuoso fere forte
Como carrasco deste povo e deste chão.
Mas este povo, esta nação sem bandeira
É como o sol rompendo a aurora a cada dia
Muitas vezes são deuses de si mesmos
Infelizes estandartes da alegria,
Impávidos heróis sem honra ao mérito
Gênios que a pátria não os reconhecem
Filhos legítimos de um rei
Bastardos na miséria em que perecem
Em uma terra rica por si mesma,
Cheia de fontes, rios, açudes e mar
Céu azul, sol brilhante, verdes colinas
Noite estrelada e uma lua a clarear
E nesta terra é possível ver a aurora
E o arrebol que forma o sol ao entardecer
Ouvir cantar, cigarras, grilos e passarinhos
E ver vadios pirilampos ao anoitecer
Por isso canto cada canto desta terra
Os campos, as selvas, a luz, o escuro
Canto este solo, este povo bravio
Livre pra morrer sem ter futuro
Se cantar a minha terra é loucura
E ser poeta patriota é ser maldito
Me desculpem outras terras outros povos
Mas só a morte pode calar o meu grito
Porque não existe uma terra mais bonita
Nem existe um povo tão valente
Quem quiser que cante sua terra
Eu, porém canto a minha e minha gente.
Francis Gomes
Parabéns!