A Batalha de Confete de 1907 — fotos da Revista Kósmos

8 03 2011

Batalha de Confete, Avenida Beira-Mar, Rio de Janeiro, sem indicação de autor, Revista Kósmos, fevereiro de 1907. 

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Esta postagem é baseada nas fotografias de uma das Batalhas de Confete  ( a de 1907) – essa era uma das festividades do  Carnaval no Rio de Janeiro do início do século XX.    O costume de nomear alguns festejos de Momo como Batalha de Confete,  ou ainda de Batalha de Flores, deriva do carnaval francês da cidade de Nice (sul da França), onde, há mais de duzentos anos, se realiza a Batalha de Flores, hoje em dia no sábado que antecede a Terça-feira Gorda.  Lá, o costume de desfilarem carros alegóricos cobertos de flores no Carnaval resiste até hoje.  Duas dezenas de carros desfilam pela Promenade des Anglais cobertos por diferentes flores numa homenagem antecipada à chegada da primavera no hemisfério norte. 

Batalha de Confete, Avenida Beira-Mar, Rio de Janeiro, Baía de Guanabara, ao fundo o Morro da Urca e o Pão de Açúcar.  Foto sem indicação de autor, Revista Kósmos, fevereiro de 1907.

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No Rio de Janeiro as Batalhas de Confete mais documentadas foram em sua maioria organizadas no passeio da Avenida Beira-Mar, ao longo da Baía de Guanabara, nos primeiros anos do século passado.    Era um evento que proporcianava aos mais abastados a possibilidade de também participarem dos 3 dias de folia, demonstrando que,  desde então, o Carnaval era  universal e que o verdadeiro espírito carnavalesco contagiava a todos, cada qual brincando e interpretando a folia à sua maneira.   A Batalha de Confete, seguia de perto o ritual estabelecido na França:  carruagens,  e mais tarde carros motorizados,   desfilavam enfeitadas com flores e bonecos.  Era um evento totalmente familiar, sem as características licensiosas e mordazes de outras manifestações do Carnaval carioca.

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Carruagens enfileiradas, trançadas pelas centenas de serpentinas, desfilam na Batalha de Confete do Carnaval de 1907, na  Avenida Beira-Mar, Rio de Janeiro.  Foto sem indicação de autor, Revista Kósmos, fevereiro de 1907.

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Em fila, ao longo do bairro da Glória, tendo o Pão de Açúcar como pano de fundo, ainda sem bondinho, carruagens e carros particulares passeavam enfeitados, como se fossem pequenas prévias dos grandes carros alegóricos de carnavais futuros.   Nessas carruagens, as famílias – em geral fantasiadas – iam de um ponto ao outro da avenida, cumprimentando-se de uma maneira “carnavalesca”:  jogavam confete uns nos outros, flores em pequenos ramos ou até mesmo serpentinas.   

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Carruagens perfiladas na Batalha de Confete do Carnaval de 1907,  organizada pelo jornal Gazeta de Notícias, na  Avenida Beira-Mar, Rio de Janeiro.  Foto sem indicação de autor, Revista Kósmos, fevereiro de 1907.

Apesar de o costume das Batalhas de Confete já existir antes de 1907, data das fotografias aqui  mostradas, foi a inauguração da Avenida Beira-Mar, se unindo, próximo ao Passeio Público com a Avenida Central [ hoje avenida Rio Branco] , em 1906, que deu maior ímpeto ao evento. 

Duas observações de interesse: 

1 —  Hoje, a Batalha das Flores em Nice, na França, sofre uma influência ao inverso.  A música tocada na sua abertura é em geral brasileira, assim como muitas das belas mulheres desfilando dentro dos carros alegóricos e floridos são brasileiras.

2 — A  tradição dos carnavais de Nova Orleans, nos EUA, também evolve das Batalhas de Flores francesas.  Na cidade americana, até hoje, carros alegóricos passam por entre a multidão na rua e ao invés de flores, são distruibdos,  jogados aos traseuntes,  pequenos colares de contas coloridas.


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