Questão de pontuação — poema de João Cabral de Melo Neto

8 02 2011

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Questão de pontuação

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                                                       João Cabral de Melo Neto

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Todo mundo aceita que ao homem

cabe pontuar a própria vida:

que viva em ponto de exclamação

(dizem tem alma dionisíaca);

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viva em ponto de interrogação

(foi filosofia, ora é poesia);

viva equilibrando-se entre vírgulas

e sem pontuação (na política):

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o homem só não aceita do homem

que use a só pontuação fatal:

que use, na frase que ele vive

o inevitável ponto final.

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Em: Agrestes, João Cabral de Melo Neto, Riio de Janeiro,  Nova Fronteira: 1985

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João Cabral de Melo Neto – (PE 1920 – RJ 1999) poeta e diplomata. Membro da Academia Brasileira de Letras.

Obras:

Pedra do Sono, 1942

Os Três Mal-Amados, 1943

O Engenheiro, 1945

Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e Antiode, 1947

O Cão sem Plumas, 1950

O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife, 1954

Dois Parlamentos, 1960

Quaderna, 1960

A Educação pela Pedra, 1966

Morte e Vida Severina, 1966

Museu de Tudo, 1975

A Escola das Facas, 1980

Auto do Frade, 1984

Agrestes, 1985

Crime na Calle Relator, 1987

Primeiros Poemas, 1990

Sevilha Andando, 1990

Tecendo a Manha, 1999


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