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Questão de pontuação
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João Cabral de Melo Neto
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Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem tem alma dionisíaca);
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viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):
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o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.
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Em: Agrestes, João Cabral de Melo Neto, Riio de Janeiro, Nova Fronteira: 1985
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João Cabral de Melo Neto – (PE 1920 – RJ 1999) poeta e diplomata. Membro da Academia Brasileira de Letras.
Obras:
Pedra do Sono, 1942
Os Três Mal-Amados, 1943
O Engenheiro, 1945
Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e Antiode, 1947
O Cão sem Plumas, 1950
O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife, 1954
Dois Parlamentos, 1960
Quaderna, 1960
A Educação pela Pedra, 1966
Morte e Vida Severina, 1966
Museu de Tudo, 1975
A Escola das Facas, 1980
Auto do Frade, 1984
Agrestes, 1985
Crime na Calle Relator, 1987
Primeiros Poemas, 1990
Sevilha Andando, 1990
Tecendo a Manha, 1999







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