Recentemente, numa de suas colunas diárias sobre economia, no jornal O Globo, Miriam Leitão lembrou aos seus leitores que tamanho não é documento: a crise econômica européia estava periclitante por causa do posicionamento do governo irlandês. E numa astuta observação a jornalista colocou os dados em perspectiva, revelando que a economia européia estava nas mãos de 4.500.000 irlandeses. Isso mesmo, quatro milhões e meio de pessoas — esta é a população total do país que poderia fazer a economia européia cair. Uma população bem menor do que a da cidade do Rio de Janeiro. É o conhecido ratinho, dando um susto no elefante.
Essa observação repercutiu muito nos meus pensamentos, porque muitas vezes não conseguimos colocar o que acontece à nossa volta em contexto, não atinamos para a perspectivas do tamanho. Até que nesse fim de semana fui lembrada, de novo, da relatividade dos fatos. No início do filme A Rede Social, Mark Zuckerberg, diz para sua namorada: “Você sabia que há mais gente com QI de gênio na China do que a população inteira dos Estados Unidos?” [Did you know there are more people with genius IQ’s living in China than there are people of any kind living in the United States?]. É uma afirmação óbvia, considerando-se o tamanho da população chinesa. Mas, foi preciso que ele mencionasse isso para que eu também colocasse a questão da população chinesa em perspectiva. Nem sempre pensamos assim, em termos relativos.
Com essas considerações em primeiro plano coloquei na minha lista de presentinhos de Natal que espero Papai Noel possa trazer, o download no meu Kindle do livro do jornalista inglês Jonathan Watts, intitulado When a Billion Chinese Jump [Quando um bilhão de chineses pulam], que há tempos espero notícias de que vá ser traduzido para o português, mas que com a falta de afirmativas das editoras, resolvi não poder esperar mais.
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Na Inglaterra foram divulgados no início da semana passada os livros sobre o meio ambiente que mais venderam nessa primeira década do século. É uma pena que com exceção do livro de Al Gore, os outros, de autores como Tim Smit, e Christopher Booker, ainda nem tenham chegado a serem traduzidos e publicados no Brasil.
O mais vendido de todos os livros foi The Vanishing Face of Gaia, [Acredito que no Brasil tenha o título: Gaia, o alerta final, Editora Intrínseca: 2010] de James Lovelock. Duas editoras brasileiras têm dividido as publicações do autor: Intrínseca e Cultrix. James Lovelock é conhecido aqui no Brasil, mas deveria ser mais. Dos cinco volumes listados em catálogos de livrarias, só 3 foram publicados no Brasil. Dois só podem ser adquiridos através de importação, quer em português (vindos de Portugal, Edições 70) quer em inglês, na língua em que foram escritos.
A vingança de Gaia, publicado em 2006, Intrínseca
Gaia: a cura para um planeta doente, publicado em 2007, pela Cultrix
Gaia: um Novo Olhar Sobre a Vida na Terra, publicado em 2007, Edições 70
(edição portuguesa, livro importado)
Gaia um novo olhar sobre a vida na Terra, publicado sem data, Edições 70
(edição portuguesa, livro importado)
Gaia: o alerta final, publicado em 2010, Intrínseca.
Os outros autores mencionados Tim Smit e Christopher Booker, não estão traduzidos.
É difícil imaginar que não haja leitores em português para esses volumes. O meio ambiente está na pauta de todos os brasileiros com um módico de escolaridade. E a maioria desses livros não são escritos só para cientistas, suas terminologias e seu interesse pelo meio ambiente são evidenciados por uma linguagem accessível a qualquer pessoa com o seguindo grau. Fica aqui o meu desapontamento.







