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Os animais amigos do homem
– Bastos Tigre
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De todos os animais
merecem nossa afeição
estes três, mais que os demais:
– o boi, o cavalo, o cão.
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O boi, os seus músculos de aço
ao nosso serviço entrega
e, com a canga no cachaço,
pesadas cargas carrega.
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E depois dá-nos a vida
que à nossa vida é sustento:
a carne assada ou cozida,
o ensopado suculento.
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Vale o seu corpo um tesouro,
dele nada se rejeita:
chifres, cauda, ossos e couro,
tudo, tudo se aproveita.
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O cavalo é o companheiro
que nos carrega no lombo
(a quem não for bom cavaleiro,
cuidado, que leva tombo!)
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Conhece caminho e atalho
e, seja a passo ou a correr,
nosso amigo é no trabalho
quanto amigo é no prazer.
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A morte, somente, encerra
seu labor nobre e eficaz;
com os homens morre na guerra,
morre, a servi-los, na paz.
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É o terceiro amigo, o amigo
que nos tem mais afeição;
no momento do perigo
nos vem socorrer: — é o cão.
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Quer de noite, quer de dia,
podemos nele confiaar;
da nossa casa é vigia,
é o guarda do nosso lar.
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“Caniche”, dos pequeninos,
que graça o cãozinho tem!
Quando brinca com os meninos
ele é um menino também.
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Seja humilde, ou cão de raça,
cão de cego, ou de pastor,
são -bernardo ou cão de caça,
ou de ratos caçador.
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Os seus dias se consomem
num labor sincero e leal!
Salve, excelso amigo do homem,
que és quase um ser racional!
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Que se ame, pois, e bendiga
do fundo do coração,
a nobre trindade amiga:
o boi, o cavalo e o cão.
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Em: O mundo da criança: poemas e rimas, vol I, Rio de Janeiro, Editora Delta: 1972.
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Manuel Bastos Tigre (PE 1882 – RJ 1957) — foi um bibliotecário, jornalista, poeta, compositor, humorista e destacado publicitário brasileiro.
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Obras:
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Saguão da Posteridade, 1902.
Versos Perversos, 1905.
O Maxixe, 1906.
Moinhos de Vento, 1913.
O Rapadura, 1915.
Grão de Bico, 1915.
Bolhas de Sabão, 1919.
Arlequim, 1922.
Fonte da Carioca, 1922.
Ver e Amar, 1922.
Penso, logo… eis isto, 1923.
A Ceia dos Coronéis, 1924.
Meu bebê, 1924.
Poemas da Primeira Infância, 1925.
Brinquedos de Natal, 1925.
Chantez Clair, 1926.
Zig-Zag, 1926.
Carnaval: poemas em louvor ao Momo, 1932.
Poesias Humorísticas, 1933.
Entardecer, 1935.
As Parábolas de Cristo, 1937.
Getúlio Vargas, 1937.
Uma Coisa e Outra, 1937.
Li-Vi-Ouvi, 1938.
Senhorita Vitamina, 1942.
Recitália, 1943.
Martins Fontes, 1943.
Aconteceu ou Podia ter Acontecido, 1944.
Cancionário, 1946.
Conceitos e Preceitos, 1946.
Musa Gaiata, 1949.
Sol de Inverno, 1955






