O muro do jardim, 1910
John Singer Sargent (EUA, 1856-1925)
Aquarela e grafite sobre papel, 40 x 53 cm
Museu de Belas Artes, Boston
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Velho Muro
B. Lopes
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Velho muro da chácara! Parcela
Do que já foste: resto do passado,
Bolorento, musgoso, úmido, orlado
De uma coroa víride e singela.
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Forte e novo eu te vi, na idade bela
Em que, falando para o namorado,
Tinhas no ombro de pedra debruçado
O corpo senhoril de uma donzela…
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Linda epoméia te bordava a crista;
Eras, ao luar de leite, um linho albente,
Folha de prata, ao sol, ferindo a vista.
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Em ti pousava a doce borboleta…
E quantas noites viste, ermo e silente,
Romeu beijando as mãos de Julieta!
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Em: Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana, ed. Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, Instituto Nacional do livro: 1951.
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Vocabulário:
Víride: verde, uso poético
Epoméia: ver ipoméia, trepadeira rústica comum em terrenos baldios, também conhecida como jitirana, jetirana, corriola, campainha, corda-de-viola.
Albente: que alveja, que embranquece
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Bernardino Lopes, pseudônimo B. Lopes (Rio Bonito, RJ, 1859 — RJ,1916) foi um poeta brasileiro de diferentes tendências literárias na passagem do século XIX ao XX. Foi funcionário do Correio Geral, Membro da boemia intelectual carioca foi um poeta de transição do fim do romantismo. Ficou muito conhecido pelos seus sonetos parnasianos. Tem grande afinidade com os simbolistas.
Obras:
Cromos (1881) – 2ª Edição 1896
Pizzicatos – “Comédia Elegante” (1886)
Brasões (1895)
Sinhá Flor (1899)
Val de Lírios (1900)
Helenos (1901)
Plumário (1905)
Poesias Completas (1945)
Parabéns , mais uma vez, pelos belos textos que podemos ler por aqui, além dos excelentes comentários aos autores!