Velho Muro, soneto de Bernardino Lopes

10 01 2010

 

O muro do jardim, 1910

John Singer Sargent (EUA, 1856-1925)

Aquarela e grafite sobre papel, 40 x 53 cm

Museu de Belas Artes, Boston

Velho Muro

 

                                    B. Lopes

Velho muro da chácara!  Parcela

Do que já foste: resto do passado,

Bolorento, musgoso, úmido, orlado

De uma coroa víride e singela.

Forte e novo eu te vi, na idade bela

Em que, falando para o namorado,

Tinhas no ombro de pedra debruçado

O corpo senhoril de uma donzela…

Linda epoméia te bordava a crista;

Eras, ao luar de leite, um linho albente,

Folha de prata, ao sol, ferindo a vista.

Em ti pousava a doce borboleta…

E quantas noites viste, ermo e silente,

Romeu beijando as mãos de Julieta!

—-

Em: Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana,  ed. Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, Instituto Nacional do livro: 1951.

Vocabulário:

Víride:  verde,  uso poético

Epoméia: ver ipoméia, trepadeira rústica comum em terrenos baldios, também conhecida como  jitirana, jetirana, corriola, campainha, corda-de-viola.

Albente:  que alveja, que embranquece

Bernardino Lopes, pseudônimo B. Lopes (Rio Bonito, RJ, 1859 — RJ,1916) foi um poeta brasileiro de diferentes tendências literárias na passagem do século XIX ao XX.  Foi funcionário do Correio Geral,  Membro da boemia intelectual carioca foi um poeta de transição do fim do romantismo.  Ficou muito conhecido pelos seus sonetos parnasianos.  Tem grande afinidade com os simbolistas.

Obras:

Cromos (1881) – 2ª Edição 1896

Pizzicatos – “Comédia Elegante” (1886)

Brasões (1895)

Sinhá Flor (1899)

Val de Lírios (1900)

Helenos (1901)

Plumário (1905)

Poesias Completas (1945)


Ações

Information

Uma resposta

24 07 2010
eloisa helena m. rodrigues

Parabéns , mais uma vez, pelos belos textos que podemos ler por aqui, além dos excelentes comentários aos autores!

Deixe um comentário