Da mesma maneira que discos de cera, de plástico, longplays e cassetes desapareceram em função dos CDs e MP3, estamos no processo de dizer adeus aos meios tradicionais de conhecermos um romance ou autor. Ann Kirschner é a autora de um interessante artigo, Lendo Dickens de 4 maneiras diferentes [Reading Dickens Four Ways: how ‘Little Dorrit’ fares in multiple text formats] na revista americana The Chronicle of Higher Education. Nele ela compara quatro diferentes maneiras de acessar livros. Quatro meios com os quais podemos nos familiarizar com os textos encontrados nas páginas de um romance. Usando como teste o livro de Charles Dickens, A Pequena Dorrit, lido pelos quatro processos — livro de capa mole, Kindle, livro em áudio e iPhone — mas revezando de um método para o outro, ao longo do texto, ela faz interessantes observações sobre a viabilidade e portabilidade dos métodos e chega a uma conclusão inesperada. Se você está pensando que a revolução a caminho foi criada pelo Kindle… Engana-se. Ela se surpreendeu e também nos surpreendeu com a descoberta de que a grande competição para o livro texto, com páginas entre duas capas espessas, a competição para o livro de papel, para a leitura como a entendemos hoje, vem do iPhone. Para Ann Kirschner a portabilidade, facilidade de gerenciamento do texto e de leitura e principalmente porque ela podia estar junto do texto a qualquer momento, sem precisar de nenhum aparato ou peso maior do que carregava todos os dias, falaram mais alto do que qualquer outra característica. Apesar de no Brasil algumas destas formas de leitura ainda não estarem bem divulgadas, a opinião de quem experimentou deve nos alertar e evitar que gastemos dinheiro extra em geringonças eletrônicas que talvez provem não ser tão maravilhosas quanto o antecipado.






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