Escola: pintura à óleo de Diva do Val Golfieri (Brasil, contemporânea)
Eu sei ler
Martins D’ Alvarez
Eu sei ler corretamente,
faço contas de somar,
sou batuta em dividir,
gosto de multiplicar.
Quando a professora escreve
no quadro-negro da escola,
leio até de olhos fechados:
“Paulo corre atrás da bola.”
Pra somar uma banana
com mais duas e mais três,
vou comendo e vou somando
1 mais 2 mais 3 são 6.
Pra dividir três pães
comigo e com meu irmão?
Eu sou o maior, ganho dois.
Para ele basta um pão.
Se mamãe me dá um doce
na hora de merendar,
acabo comendo três.
Como eu sei multiplicar!
Em: Vamos estudar? – cartilha — de Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir: 1961 [Para a aprendizagem simultânea da leitura e da escrita].
José Martins D’Alvarez (CE 1904) Poeta, romancista, jornalista, diplomado em Farmacia e Odontologia, professor, membro da Academia Cearense de Letras. Nasceu na cidade de Barbalha, Estado do Ceara, em 14 de setembro de 1904. Filho de Antonio Martins de Jesus a de Antonia Leite da Cruz Martins. Fez os estudos primários na sua cidade natal, os secundários, no Liceu do Ceará. Depois de formado em Odontologia. Transferiu em 1938 sua residência para o Rio de Janeiro, onde exerceu, além de atividades na imprensa, atividades no magistério superior.
Obras:
“Choro verde: a ronda das horas verdes”, 1930 (versos).
“Quarta-feira de cinzas”, 1932 (novela).
“Vitral”, 1934 (poemas).
“Morro do moinho” 1937 (romance)
“O Norte Canta”, 1941 (poesia popular).
“No Mundo da Lua”, 1942 (poesia para crianças).
“Chama infinita, 1949 (poesias)
“O nordeste que o sul não conhece 1953 (ensaio)
“Ritmos e legendas” 1959 (poesias escolhidas)
“Roteiro sentimental: geopolítica do Brasil” 1967 (poesias escolhidas)
“Poesia do cotidiano”, 1977 (poesias)
Outros poemas de Martins d’Alvarez neste blog:
ANJO BOM ; AMIGOS ; JOÃO E MARIA ; SÚPLICA





falar de mim e facil dificil e ser eu
eu adorei as poesias de eliseu visconde
A poesia “Eu sei ler corretamente” aprendi aos seis de anos de idade; lá se vão mais de cinquenta anos. Tendo ficado para sempre gravada na minha memória, há trinta anos que venho tentando descobrir quem a recite de cor e jamais encontrei. O pior que é que não consigo fazer com que as crianças em fase de alfabetização de hoje se interessem por ela. Será que as crianças de hoje estão mais “burras” do que as do meu tempo?
Elas, inclusive, não sabem que “batuta em dividir” é uma metáfora para “ter habilidade em efetuar a operação da divisão. Também, com as crianças de hoje saindo do ensino médio sem saberem somar, dividir, subtrair e multiplicar… É, essa geração do I-pod e máquina de calcular precisa de alguém que a leve a encontrar a estrela guia. Muito bom para os políticos corruptos.
Boa tarde quero comprar este livro
Eu sei ler
que lindo achei eu li esta muito bom