A ONÇA E O MACACO
Maria Lúcia Godoy
Lá vem a onça pintada!
fico toda arrepiada,
mas vendo a sua beleza
fico a olhá-la encantada,
bem a distância, é claro,
que não sou boba nem nada.
Concordo que seja linda
mas tem a garra afiada.
Seu olhar verde, rasgado,
seu andar macio e ágil.
É uma onça menina,
brincando aprende a caçar.
Ora, a onça vem com fome.
Há muitos dias não come,
pois a caça está bem rara,
e ela só vê a cara
de um macaquinho engraçado.
Entre as folhas se disfarça.
Ligeira prepara o bote:
como uma flecha dispara
sobre o animal assustado.
O macaco dá um pulo,
foge para um galho alto
onde a onça não alcança.
De longe ele faz caretas
meu Deus, mas que aflição!
Acalmei meu coração,
disse adeus ao macaco e à onça
— desliguei a televisão.
Do livro: O boto cor-de-rosa, Maria Lúcia Godoy, Rio de Janeiro, Editora Lê: 1987






Em menino ouvi muitas estórias envolvendo a esperteza do macaco, sempre capaz de ludibriar a onça, seja evitando ser devorado seja urdindo argumentos convincentes para a onça fazer o que ele deseja.
Particularmente, havia uma em que o macaco aposta que conseguirá selar e cavalgar a onça, só não consigo lembrar com que ardis a onça foi convencida… O macaco montado, chicote na mão, esporas nos pés, ganhou a aposta e uma eterna inimiga. A parte mais interessante da fábula, que são os ardis, não lembro. Será que terei de reinventá-los para satisfazer a curiosidade de minha filha?
José, vou dar uma procurada… Quem sabe talvez eu ache a fábula… Assim de pronto não me lembro. Um grande abraço, Ladyce
Há quatro anos cavalga
A macaca sobre a onça
Que segue desembestada
A quebrar pau na quebrada
Das serras da mica sonsa
Quando já tora no dente
O cabresto que a comanda
Manumissa da espora
Freando de vez agora
E daí tora de banda
E sobrando na tangente
A macaca avoa fora
Na mão retém o cabresto
Espatifa-se de resto
Ferindo-se na própria espora
(José Agassiz, 11/09/12)
Parabéns! 🙂