O homem e sua morte, poesia de Sávio Soares de Sousa

1 12 2025
Ilustração de Yan Nascimbene.

 

 

O homem e sua morte

 

Sávio Soares de Sousa

 

Foi minha morte que nasceu comigo.

Trago-a em mim, circulando nas artérias,

latente em cada célula, no fundo

tranquilo de minha alma resignada.

 

Em verdade, nasceu com a minha sombra,

ou é, talvez, a própria sombra incôngrua,

com que diuturnamente me confundo,

ao meio-dia, sobre o chão da estrada.

 

Sou igual aos demais, de igual destino.

Pouco me importa o prazo destas férias,

nem me inquieta a imutável companhia,

 

que de mim nunca mais se apartará:

no instante em que, sem luz, se suma a sombra,

comigo a minha morte morrerá.





Trova do caminho

6 01 2025
Ilustração, 2007,  Yan Nascimbene (França)

 

 

Quando há pedras nos caminhos,
não fujo rumo aos atalhos,
sou daqueles passarinhos
que não temem espantalhos.

(Ney Damasceno)