Grupo de Leitura Encontros na Praça escolhe os melhores do ano!

13 12 2023
Almoço de confraternização do Grupo de Leitura Encontros na Praça, na Casa Julieta de Serpa, no Flamengo, RJ.

 

 

Encontros na Praça, fundado, um mês antes do mundo fechar em 2020, por razão da pandemia, continuou através dos anos com reuniões via Zoom.  Só em 2023 retornamos aos encontros presenciais de maneira regular. O grupo é pequeno e composto de amigas que já se conheciam.  Em 2023 lemos onze livros, deixando o mês de dezembro, sempre cheio de festividades, sem qualquer leitura.  Retomamos em janeiro.  O grupo se encontra uma vez por mês, na maioria das vezes no ateliê de pintura de uma das participantes.

Aqui estão os livros lidos em 2023.

 

 

 

 

1 — A arte da rivalidade, Sebastian Smee

2 — Ninféias negras, Michel Bussy

3 — Autobiografia, Agatha Christie

4 — A cidade e as serras, Eça de Queiroz

5 — Laços, Domenico Starnone

6 — A elegância do ouriço, Muriel Barbery

7 — As vitoriosas, Laetitia Colombani

8 — Violeta, Isabel Allende

9 — O apartamento de Paris, Lucy Foley

10 — Caderno proibido, Alba de Cespedes

11 — Uma mulher singular, Vivian Gornick

 

 

Durante o almoço de final de ano, votamos nos melhores do ano.   A votação é feita da seguinte maneira: Cada pessoa escolhe os três livros de que mais gostou.  Coloca-os em ordem de preferência.  Cada livro colocado em primeiro lugar ganha 3 pontos; em segundo lugar, dois pontos e o terceiro colocado ganha 1 ponto.  Ao final somamos todos os pontos e temos a colocação final. Apesar de pequeno este grupo é bastante eclético e a diferença de pontos depois do primeiro colocado e todos os outros é de pouquíssimos pontos

 

Em primeiro lugar:

 

Uma mulher singular, Vivian Gornick

 

SINOPSE — O autorretrato de uma mulher que defende ferozmente sua independência.  Espécie de sequência natural de Afetos ferozes, este Uma mulher singular é um mapa fascinante e comovente de ritmos, encontros casuais e amizades em constante mudança que compõem a vida na cidade, neste caso, Nova York. Enquanto passeia pelas ruas de Manhattan — novamente na companhia da mãe ou sozinha —, Vivian Gornick observa o que se passa à sua volta, interage com estranhos, intercala anedotas pessoais e meditações sobre a amizade, sobre a atração (tantas vezes irreprimível) pela solidão e também sobre o que significa ser uma intelectual feminista num mundo frequentemente hostil às mulheres e sua luta por autonomia.

 

Em segundo lugar:

 

 

 

A arte da rivalidade, Sebastian Smee

 

SINOPSE — A história de quatro amizades extraordinárias que transformaram a arte moderna. Oito artistas geniais e quatro relacionamentos que mudaram os caminhos da arte. Intensas, conturbadas e competitivas, essas amizades modificaram também os artistas envolvidos, impulsionando cada um deles a novos patamares criativos.

Vencedor do Prêmio Pulitzer, o crítico Sebastian Smee acompanha Édouard Manet e Edgar Degas, Henri Matisse e Pablo Picasso, Jackson Pollock e Willem De Kooning, Lucian Freud e Francis Bacon – e todos aqueles que os cercavam – por Paris, Nova York e Londres, desde o séc. XIX e através do XX, traçando um painel revelador da arte moderna.

 

Em terceiro lugar:

 

 

A elegância do ouriço, Muriel Barbery

 

SINOPSE — À primeira vista, não se nota grande movimento no número 7 da Rue de Grenelle: o endereço é chique, e os moradores são gente rica e tradicional. Para ingressar no prédio e poder conhecer seus personagens, com suas manias e segredos, será preciso infiltrar um agente ou uma agente ou – por que não? – duas agentes. É justamente o que faz Muriel Barbery em A elegância do ouriço, seu segundo romance. Para começar, dando voz a Renée, que parece ser a zeladora por excelência: baixota, ranzinza e sempre pronta a bater a porta na cara de alguém. Na verdade, uma observadora refinada, ora terna, ora ácida, e um personagem complexo, que apaga as pegadas para que ninguém adivinhe o que guarda na toca: um amor extremado às letras e às artes, sem as nódoas de classe e de esnobismo que mancham o perfil dos seus muitos patrões. E ainda há Paloma, a caçula da família Josse. O pai é um figurão da política, a mãe dondoca tem doutorado em letras, a irmã mais velha jura que é filósofa, mas Paloma conhece bem demais o verso e o reverso da vida familiar para engolir a história oficial. Tanto que se impõe um desafio terrível: ou descobre algum sentido para a vida, ou comete suicídio (seguido de incêndio) no seu aniversário de treze anos. Enquanto a data não chega, mantém duas séries de anotações pessoais e filosóficas: os Pensamentos profundos e o Diário do movimento do mundo, crônicas de suas experiências íntimas e também da vida no prédio. As vozes da garota e da zeladora, primeiro paralelas, depois entrelaçadas, vão desenhando uma espiral em que se misturam argumentos filosóficos, instantes de revelação estética, birras de classe e maldades adolescentes, poemas orientais e filmes blockbuster. As duas filósofas, Renée e Paloma, estão inteiramente entregues a esse ímpeto satírico e devastador, quando chega de mudança o bem-humorado Kakuro Ozu, senhor japonês com nome de cineasta que, sem alarde, saberá salvá-las tanto da mediocridade geral como dos próprios espinhos.





Sublinhando…

27 11 2023

Lendo no jardim, década de 1930

Bessie Davidson (Austrália, 1879-1965)

óleo sobre placa de madeira, 94 x 114 cm

Coleção Max Tegel, New South Wales

 

 

 

 “Até os trinta e cinco anos de idade, minha experiência de cama foi equivalente à de qualquer uma de minhas amigas; com essa idade, eu também já havia passado por dois casamentos e dois divórcios. Cada um dos casamentos durou dois anos e meio, e cada um deles foi contratado por uma mulher que eu não conhecia (eu) com um homem que eu também não conhecia (o bonequinho em cima do bolo de casamento).”

 

 
 
 
Em: Uma mulher singular: memórias, Vivian Gornick, tradução Heloísa Jahn, São Paulo, Todavia: 2023, p.30
 
 
 




Sublinhando…

16 09 2023

Mulher no balcão

Sally Storch (EUA, 1952)

óleo sobre  tela

 

 

 

Há dois tipos de amizade: aquelas nas quais as pessoas estimulam uma à outra e aquelas nas quais as pessoas precisam estar estimuladas para ficar uma com a outra. No primeiro tipo, a pessoa quebra qualquer galho para encontrar a outra; no segundo, precisa procurar um espaço livre na agenda.”

 

 

 

Em: Uma mulher singular: memórias, Vivian Gornick, tradução Heloísa Jahn, São Paulo, Todavia: 2023, p.30





Nova York, texto de Vivian Gornick

14 08 2023

Cena de rua em Nova York, 1990

Matthew Popielarz (EUA, 1926-2012)

óleo sobre tela,  76 x 121 cm

 

 

 

“Estou subindo a Quinta Avenida ao meio-dia diretamente ao encontro da luz solar fria e crua de uma manhã de novembro. Hordas de pessoas vêm na minha direção. Antes essas hordas eram compostas predominantemente de brancos, agora são de negros e outras origens. Antes se vestiam de azul e colarinho branco; agora, de roupas informais. Antes respeitavam a lei, agora não. A língua mudou, mas o espírito se mantém estável. De vez em quando vejo um rosto e um personagem perdido em meio aos jeans e jaquetas de praxe — alguém de rosto estreito e cútis alva vestindo peles lustrosas (Paris, 1938); alguém trigueiro e perigoso falando espanhol da ilha (Cuba, 1952); alguém com olhos de ameixa e além do tempo (Egito, 4000 a.C.) — e sou lembrada da natureza persistente da multidão. Nova York me pertence tanto quanto pertence a todos eles: não mais a mim do que a eles. Estamos todos aqui na Quinta Avenida pela mesma razão e em virtude do mesmo direito. Todos nós percorremos incessantemente as ruas das capitais do mundo: atores, caixeiros, bandidos; dissidentes, fugitivos, clandestinos; gays de Nebrasca, intelectuais poloneses, mulheres à margem do tempo. Metade dessas pessoas vai ser engolida pelo brilho e pelo crime — desaparecendo em Wall Street, escondendo-se no Queens —, mas metade delas será eu: uma caminhante na cidade; aqui para alimentar a torrente incessante de multidão incessante que certamente está ficando impressa na criatividade de alguém.”

 

 

Em: Uma mulher singular, Vivian Gornick, tradução Heloísa Jahn, São Paulo, Editora Todavia: 2023, Edição Kindle.





Sublinhando…

11 08 2023

Três Músicos,1970

Clovis Graciano (Brasil, 1907-1988)

óleo sobre tela

 

 

 

Enquanto a orquestra fazia a afinação e as luzes eram reduzidas na noite amena, estrelada, eu podia sentir todo aquele público inteligente se inclinando para a frente como um só corpo, ansiando pela música, indo na direção da música, na direção de si mesmos na música: como se o concerto fosse uma extensão a céu aberto do contexto de suas vidas.

 

Em: Uma mulher singular, Vivian Gornick, tradução Heloísa Jahn, São Paulo, Editora Todavia: 2023, Edição Kindle.





Sublinhando…

8 06 2022

Leitura à beira-mar

Bea Gold (EUA, 1927)

gravura

“Chegamos à rua 69, viramos à esquina e avançamos para a entrada do auditório Hunter. As portas estão abertas. Dentro, duzentos ou trezentos judeus ouvem os depoimentos que comemoram sua história inenarrável. Esses depoimentos são a cola que os gruda. Rememoram e convencem. Curam e conectam. Permitem que as  pessoas encontrem seu próprio  sentido.”

Em: Afetos ferozes, Vivian Gorick, tradução de Heloísa Jahn, apresentação de Jonathan Lethem, São Paulo, Todavia: 2019, pp: 52 e 53