Curiosidade literária

10 07 2023
Ilustração Kathy Lawrence.

 

 

Sylvia Plath, mais conhecida como autora do livro de poesias Ariel e de A Redoma de Vidro onde se estabeleceu com cenas quentes, trágicas, explorando a depressão, também é autora de um livro delicioso de poesias para crianças, que compôs para seus próprios filhos: Frieda e Nicholas. O título já explica o que é: O livro da cama.  Nele encontramos uma série de poesias gostosas e divertidas, com algum non-sense, sobre diferentes tipos de cama: cama para pescar, cama para gatos, cama de solteiro, e assim por diante.  Foi publicado com ilustrações do aclamado artista gráfico Quentin Blake que também foi o ilustrador original dos livros Dr. Seuss. 





Resenha: A Redoma de vidro, Sylvia Plath

2 08 2021

Moça lendo

Adam Clague (EUA, contemporâneo)

óleo sobre tela, 32 x 30 cm

Surpreendentemente fácil de ler, foi minha impressão de  A redoma de vidro de Sylvia Plath.  Era uma das leituras que me faltavam para uma compreensão mais redonda do século, da escrita por mulheres e do feminismo em geral.  Permanentemente listado entre obras que devem ser lidas, eu, receosa de confrontar a depressão que pode eventualmente levar ao suicídio, tema conhecido da obra, evitei  a leitura.  Foi uma bobagem.  Deveria tê-lo lido há muito tempo.

Não é um clássico como eu imaginava.  É uma obra que dá a sensação de inacabada, assim como a vida de sua personagem principal, ainda que acabá-la seja um de seus objetivos. Dividida em duas partes que se conectam tenuemente, o leitor sai de uma ensolarada experiência de uma jovem, com problemas de autoestima, inteligente  e crítica, que aproveita um prêmio de um mês em Nova York, e acaba com mesma jovem, mais tarde, cuja ansiedade, depressão e realidade sombria  parecem incompatíveis com a personagem que conhecemos no início.

O que mais marca nessa narrativa é o retrato, de dentro, digamos assim, dos pensamentos, considerações e preconceitos de uma pessoa imersa em agonia mental, no desespero, que o fim da vida parece, de fato, ser a única solução plausível das reais opções que poderia ter.  É aqui que este livro se torna importante, por retratar como pensa alguém cuja solução para a vida é terminá-la, assim como fez a autora, pouco tempo após a publicação de A redoma de vidro, seu único livro de prosa.

Sylvia Plath

No entanto, a narrativa não me comoveu.  É distante.  Pude reconhecer o sofrimento retratado, mas passei  incólume, sem identificação e com empatia moderada.  Além disso, esperava um livro mais direto na posição feminista, já que é considerado leitura obrigatória para feministas.   Mas  a delação da discriminação contra mulheres, ou as descrições do que era esperado das mulheres, ainda que tivessem sido talvez  inesperadas para a  época,  hoje parecem leves, observações inteligentes mas moderadas.

Levei  muito tempo para ler este livro, é possível que eu tenha criado expectativas irreais.  Mas talvez realmente haja muito dito sobre essa obra porque Sylvia Plath se suicida após sua publicação.  Na leitura feita desta vez, não acho que mereça toda a fama que o leva a ser um clássico do século XX, como é considerado por muitos.

 

 

NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem incentivos para a promoção de livros.





Sublinhando…

31 07 2021
Autoria desconhecida.

“Dava para perceber que Marco era um misógino porque, apesar de todas as modelos e vedetes de televisão presentes na sala, ele só prestava atenção em mim.  Não por bondade ou curiosidade, mas porque calhou de eu ter sido oferecida a ele como uma carta de um baralho em que todas as cartas são idênticas.”

Em: A redoma de vidro, Sylvia Plath, tradução de Chico Mattoso, Rio de Janeiro, Biblioteca Azul: 2019, p. 120





Taquigrafia?… texto de Sylvia Plath

25 07 2021

Black-eyed Susans

[Margaridas amarelas do campo]

David Hettinger (EUA, 1946)

óleo sobre tela

 

 

“…Minha mãe vivia dizendo que ninguém se interessaria por uma pessoa formada em inglês. Mas uma pessoa formada em inglês que soubesse taquigrafia era diferente. Todo mundo iria atrás. Ela seria disputada por todos os jovens promissores e faria transcrições de centenas de cartas arrebatadoras.

O problema é que eu odiava a ideia de ter que trabalhar para homens. Eu queria ditar minhas próprias cartas arrebatadoras…”

 

Em: A redoma de vidro, Sylvia Plath, tradução de Chico Mattoso, Rio de Janeiro, Biblioteca Azul: 2019, p. 87