Insônia
Joana Aslanian (EUA, contemporânea)
óleo sobre tela, 73 x 91 cm
Ali onde se pescam amarguras,
a insônia se aprimora nas torturas.
Insônia
Reynaldo Valinho Alvarez
A manhã se aproxima e é sempre duro
quando o sol rompe a treva e inunda o escuro
de um sono que nem mesmo aconteceu.
Sinto-me novo e inútil Prometeu
a quem bicam o fígado, melhor
dizendo a mente, e que aprendeu de cor
os caminhos da noite soluçados,
como vagidos, em jardins murados,
numa vigília que não se escolheu.
Ah, estradas da noite, ah, poços fundos,
sempre cheios de lodo, tão imundos
deste vazio amortalhado em breu.
Ah, pontes sem destino, cruel fadiga
do tempo debulhado como espiga.
Em: A faca pelo fio: poemas reunidos, Reynaldo Valinho Alvarez, Rio de Janeiro, Imago: 1999, p.63