Uma boa ação do Presidente Nilo Peçanha, texto escolar

6 03 2012

No tempo das diligências, 1971

Haydéa Santiago (Brasil, 1896 –1980)

óleo sobre tela, 48 x 55 cm

Uma boa ação do Presidente Nilo Peçanha

Seja sempre patriota

Nilo Peçanha foi um dos grandes vultos fluminenses. Natural de Campos, sua vida foi um exemplo de amor ao trabalho e de dedicação ao serviço da Pátria. De origem humilde, atingiu aos mais altos postos da política e da administração, pois foi deputado, senador, ministro, presidente do Estado do Rio, vice-presidente e presidente da República. E morreu pobre, mas cercado da admiração de seus conterrâneos.

Nilo Peçanha era um homem simples e bondoso. Vou contar-lhes um episódio, relatado por Assis Cintra, que bem exprime o quanto era generoso o seu coração.

“Indo ele, certa vez, presidir a uma solenidade, a sua carruagem atropelou um garoto imprudente, filho de uma lavadeira.

O presidente mandou parar a carruagem, desceu dela, apanhou o garoto nos braços, e deu ordens ao condutor que rumasse para uma casa de saúde. Lá chegando, entregou o pequeno ao gerente do Hospital e ordenou-lhe que chamasse com urgência um operador para cuidar da criança. Não poupassem despesas. E mandassem ao Palácio, diariamente, notícias do doente. Todas as despesas por sua conta.

Depois de curado, o menino foi com a mãe ao Catete.  Nilo Peçanha recebeu a lavadeira e o garoto:

— Este menino está na escola senhora?

— Não, Sr. Presidente.

—  E por que? É um garoto inteligente.  Deve ir para a escola.

— Sr. Presidente, o meu filho é que carrega a roupa que lavo, entregando-a aos fregueses.  Não o pus na escola por esse motivo.

— Pois o seu filho fica por minha conta.  O menino é vivo e aproveitável.

Assim, o Presidente pôs no Colégio Pedro II o garoto que muito prometia. Quando deixou a presidência da República, Nilo Peçanha continuou a custear a educação do filho da lavadeira. Terminados os preparatórios, já moço, o protegido de Nilo Peçanha procurou-o, pedindo que lhe indicasse uma escola superior: Direito, Medicina, Engenharia…

Nilo respondeu:

— Você escolha a carreira que quiser.  Não me deve nada.  Quis aproveitar a sua inteligência em favor da Pátria. Se me é grato, seja sempre patriota.”

Em: Vamos estudar? Theobaldo Miranda Santos, para a 3ª série do curso primário,Rio de Janeiro, Agir:1957.

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O texto acima vem acompanhado dos seguintes ítens, para uso na sala de aula:

Vocabulário:

Humilde = modesto

Postos = cargos, posições

Conterrâneos = pessoas que residem na mesma terra ou estado.

Episódio = fato, acontecimento

Relatado = narrado, contado

Solenidade = cerimônia

Vivo = esperto, inteligente

Em favor = em benefício

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QUESTIONÁRIO

Quem foi Nilo Peçanha? Que aconteceu quando ele ia presidir a uma solenidade? Que fez Nilo Peçanha?  Que aconteceu depois?  Que respondeu Nilo Peçanha ao seu protegido?

Retrato de Nilo Peçanha, 7º Presidente do Brasil

Auguste Petit (França, 1844 — Brasil, 1927)

óleo sobre tela, 65 x 54 cm

Museu de História e Artes do Estado do Rio de Janeiro, Niterói.





A presidência letrada: o que lêem os presidentes?

29 09 2010
Presidente dos Estados Unidos Barack Obama

Recentemente no jornal carioca O GLOBO os atuais candidatos à Presidência da República responderam a perguntas sobre os livros que haviam lido e que mais os marcaram.  As respostas foram tão variadas quanto os candidatos, mas havia uma tendência a citação dos clássicos, literários ou políticos, de Proust a Machado de Marx a Nietzche, como se uma leitura mais atual, até mesmo sobre a nossa história não pudesse ser mencionada sem aprovação dos partidos.  É claro que este tipo de pergunta é considerada de somenos importância no nosso país. Basta examinarmos aqueles a quem elegemos.  Pena! 

 Lendo um artigo de Tevi Troy de11 de setembro na National Review intulado Freedom Frenzy: A Look at Presidential Reading Lists  What they say about our presidents, and us.[ Frenesi de Liberdade:  Um olhar nas listas de leitura presidenciais: o que elas falam  sobre os nossos presidentes, e a nosso respeito] podemos perceber entre outros aspectos, as grandes diferenças não só de educação mas culturais entre os dois países gigantes da América do Norte e da América do Sul.  

 Não vou fazer aqui uma comparação entre os presidentes do Brasil e o dos EUA.  Seria extremamente injusto para conosco.  Vou simplesmente relacionar a lista de leitura de Barack Obama e as consequências de suas escolhas no mercado americano, que se preocupa em seguir o que qualquer presidente lê e principalmente este presidente.  

Enquanto passava duas semanas de férias no refúgio presidencial de verão em Martha’s Vineyard, o presidente americano decidiu comprar e ler o mais recente romance de Jonathan Frazen,  Freedom [ Liberdade].  Algumas semanas depois, o jornal The New York Times mencionou em três lugares diferentes este fato, o que indica, como Tevi Troy mostra,  que os americanos estão sempre querendo saber o que seu presidente está lendo e que há uma grande atração, uma mística sobre o assunto.  E é claro que quando um presidente americano lê um livro, é muito bom para as vendas desse livro.  Vejamos:

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No dia 8 de março, o Barack Obama mencionou que estava lendo o livro lançado em 1986, de Edmund Morris, The Rise of Theodore Roosevelt . – uma biografia do vigésimo sexto presidente dos Estados Unidos,[1901 a 1909]. Imediatamente as vendas desse volume, originalmente publicado 24 anos antes, subiram para 7.000 volumes. 

 

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As vendas do livro de Richard Price, Lush Life  [ no Brasil, Vida Vadia, Cia das Letras: 2009] dobraram em tamanho por várias semanas depois que  a Casa Branca colocou esse título de um romance passado em Nova York nos dias de hoje,  numa lista de leitura de Obama.

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Outra obra da mesma lista, Kent Haruf , Plainsong ,publicada em 2000 vendeu 5.000 cópias mais que o normal em 2010.

 Como Tevi Troy menciona não é só este presidente,  Barack Obama,  que eleva as vendas de livros que a população americana descobre estarem sendo lidos por seus presidentes.  O mesmo interesse ocorre e ocorreu com outros presidentes. 

 É  fascinante —  não é mesmo? – ver um presidente de um país desenvolvido dando-se ao trabalho de ler, não só “os clássicos” mas o que está sendo publicado.  Tão, mas tão longe da nossa realidade que chego a suspirar.  Que tempos melhores nos afaguem.

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A lista completa dos livros que Barack Obama levou para ler nas suas 2 semanas de descanso em Martha’s Vineyard:

The Way Home de George Pelecanos ~ suspense em Washington. D.C.

Vida Vadia,  Richard Price ~ romance que se passa no Lower East Side, em Nova York.

Hot, Flat & Crowded,  Thomas Friedman ~ sobre os benefícios para a América com  a proteção ao meio ambiente. 

John Adams, David McCullough ~ biografia do segundo presidente dos EUA.

Plainsong, Kent Harul ~ romance sobre 8 personagens diferentes vivendo em Colorado.