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Henrique Sant’Anna (Brasil, 1958 )
óleo sobre tela, 70 x 50 cm
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Henrique Bernardelli (Chile, 1857 – Brasil, 1936)
óleo sobre tela, 65 x 45 cm
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Paisagem de subúrbio, 1930
Emiliano Di Cavalcanti (Brasil, 1897-1976)
óleo sobre tela
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Martins D’Alvarez
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Subúrbio…
Fim da cidade!…
Em frente fica a Estação,
ostentando na fachada
a tabuleta pintada
com nome e quilometragem
do rincão.
Por trás da estação,
há casas
e mato
e casas
e mato…
Ruas tortas, mutiladas…
Praças que se arrependeram…
Lá no alto, a capela branca…
E mato, cercas, buracos,
alguns becos sem destino;
boteco da Dona Guida…
Tudo cheio de menino.
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De vez em quando,
bufando,
passa o trem pela estação.
Esse trem para o subúrbio
representa o coração,
a vida, no movimento
dos que vêm
e dos que vão.
Mas, o subúrbio é cardíaco,
o trem só anda atrasado,
daí o pobre coitado
sofrer da circulação.
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De madrugada e de noite
é que o subúrbio desperta,
o casario se alegra,
não se vê rua deserta,
chove gente em toda parte,
ruge-ruge…
Vaivém.
E há quem acorde bem cedo
pra na birosca do Alfredo
castigar um mata-bicho
antes de tomar o trem.
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Durante o dia,
marasmo,
pasmaceira,
fuxicada,
da turma desocupada
que não se foi pro batente.
Mexericos de comadres
que exibem secretamente
as nódoas da roupa-suja
guardadas por muita gente.
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Só nos domingos de folga,
o subúrbio pega fogo…
Há de tudo para todos:
missa pra quem é de missa,
jogo pra quem é de jogo…
Há batida com feijoada,
dança, namoro, pelada,
briga, tragédia, conflito
que leva gente ao distrito
e, às vezes, não leva nada.
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Subúrbio, fim de caminho…
Começo de outra jornada!
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Em: Poesia do cotidiano, Martins D’Alvarez, Rio de Janeiro, Edições Clã: 1977.
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Yoshiya Takaoka (Japão, 1909 — Brasil, 1978)
óleo sobre tela colada em madeira, 48 x 60 cm
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Manoel Costa (Brasil, 1943)
óleo sobre eucatex, 55 x 46 cm
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Luiz Marcondes Rocha
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A cidade de São Paulo continuava nesse período a crescer industrialmente. Houve, na segunda metade do mandato presidencial de Prudente de Morais, uma queda vertical do preço do café. SE em 1889 o preço médio de uma saca de 60 quilos era de quatro libras, caíra a uma libra e meia em 1897. A responsabilidade da crise era atribuída ao aumento da produção, pois que, de 1889 a 1897, passou de quatro para oito milhões de sacas numa produção mundial de doze milhões.
Essa crise, se embaraçou em parte o desenvolvimento industrial de São Paulo, não o paralisou de todo. É que já se consolidavam as condições iniciadas em 1886, com a estruturação, embora incipiente, de um comércio interno crescente ano a ano, proporcionando avanços sucessivos do setor de indústrias, ainda que sem uma ordenada orientação. Entre essas condições, destacava-se o fato de ter o Estado se ter transformado no maior produtor de café do mundo, bem como o aumento progressivo da população, vegetativo e imigratório. Destaque-se ainda o trabalho assalariado e o nível, embora não muito elevado, mas bem superior ao negro escravo, do padrão de vida do italiano imigrante.
A mentalidade progressista aqui formada tinha a sua origem na ambição que vinha das Bandeiras, levando o bandeirante heróico aos riscos e tocaias dos sertões, à cata de índios para vendê-los e à busca do ouro imaginando e executando o comércio mais rendoso do que as circunstâncias lhe permitiam, sem se atemorizar dos perigos das florestas traiçoeiras. A ambição do estrangeiro, que aqui aportava não trazendo nada, mas com grande disposição para o trabalho e encontrando um ambiente de igualdade e uma riqueza em pleno desenvolvimento, unia-se ao espírito do paulista, ajudando a apressar a grande marcha do maravilhoso desenvolvimento.
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O empreiteiro era em geral pessoa experimentada, com bons conhecimentos da lavoura e que se encarregava, mediante contrato, da derrubada de matas virgens e da plantação de novos cafezais.
Com o dinheiro economizado, oriundo das empreitadas, o empreiteiro adquiria terras e se incluía no rol dos pequenos proprietários, iniciando a sua própria fazenda.
Pagava-se em média, para formar um cafezal, quatrocentos réis por pé, pertencendo ainda o fruto do quarto ano ao empreiteiro. Em pouco tempo se transformavam duzentos alqueires de terra bruta em uma fazenda de 200 mil pés-de-café.
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Em: Café e Polenta:romance histórico, Luiz Marcondes Rocha, São Paulo, Martins: 1964, pp.55-56
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Luiz Marcondes Rocha (Brasil, ? -? ) advogado, formado pela Faculdade de Direito da Cidade de São Paulo em 1938. Escritor.
Obras:
Café e Polenta: romance histórico, 1964
A luta econômica do brasileiro, 1967
Maria Rica, s/d
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Estudo de cabeças, d’après Pieter Paul Rubens, s/d
Arthur Timótheo da Costa (Brasil, 1882-1922)
óleo sobr tela, 30 x 36 cm
Coleção particular
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A Lei Áurea veio em tempo,
dar liberdade total.
Ao africano o contento,
ao brasileiro a moral.
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(José Carlos Gomes)