Muitas vezes não sabemos o impacto que nossas ações podem exercer sobre outras pessoas. Fui levada à Oficina de Escrita do escritor Luís Pimentel pelas mãos de uma amiga, Magali Lee Cotrim, que estava interessada em escrever memórias. Fui, ainda sem saber bem como tudo isso funcionava. Escrever havia sido sempre parte de minha vida, ainda que fosse segredo. Manuscritos, tenho-os alguns. Talvez, por haver feito resenhas de livros para jornais e no blog, há 17 anos, algumas centenas de resenhas, meu medo de meus textos não serem bons, sempre me impediu de aparecer como escritora.
Fui aos primeiros encontros da turma de Pimentel com o coração nas mãos; O que encontrei lá foram colegas respeitosos, críticos onde deveriam ser; e Luís Pimentel, cujas palavras, gentis, mesmo quando sugeriam mudanças nos textos, guiaram e apoiaram meu trabalho.
A essa altura, meu marido já se achava adoentado. Com a pandemia ele piorou. Tive muito medo dele morrer sem que visse que eu havia levado minha escrita avante. Desde que o conheci, Harry havia me dado todo apoio à escrita. Aos meus textos em inglês e aos em português. Não fosse por ele eu não teria me dedicado a dois romances engavetados, à tradução do português para o inglês, às críticas literárias. Todo esse tempo, trabalhando como historiadora da arte e mais tarde galerista.
No final de 2020 quando ainda dava tempo de meu marido ver a publicação de À meia voz, resolvi publicar. Luís Pimentel me deu o presente de escrever a orelha do livro, introduzindo essa nova poeta. Fica aqui mais uma vez meu agradecimento, meu apreço às suas orientações. Fazer parte de seu círculo de escritores foi uma das mais importantes decisões que já tomei. Sem hesitar faria outra temporada sob seu olhar agudo e carinhoso. Obrigada, Pimentel.








