![snoopy escrevendo seu romance -- Numa longa e tenebrosa noite](https://peregrinacultural.com/wp-content/uploads/2010/05/snoopy-escrevendo-seu-romance-numa-longa-e-tenebrosa-noite.jpg?w=510&h=382)
Ilustração, Snoopy escreve seu romance, Charles M. Schulz.
—
—
No ano passado, foi lançado nos Estados Unidos um livro que se tornou líder de vendas: 10 rules of good writing [10 regras da boa escrita]. Recentemente , o autor deste sucesso Elmore Leonard, foi lembrado pelo jornal The Guardian da Inglaterra, que repetiu um sumário dessas regras e pediu também a outros autores que listassem suas recomendações para a boa escrita.
Traduzo livremente o artigo.
Elmore Leonard
10 regras para se escrever bem:
1 – Não comece o texto com o tempo. Se for para criar uma atmosfera, e não uma reação do personagem ao tempo, você não deve se prolongar. O leitor tenderá a ir em frente procurando por gente. Há exceções. Se você for Barry Lopez, que tem mais maneiras de descrever gelo e neve do que um esquimó, como no seu livro Artic Dreams [Sonhos do Ártico], você poderá fazer qualquer descrição de tempo que queira.
2 – Nenhum extra: prólogo, introdução, prefácio. Evite os prólogos: eles podem ser cansativos, especialmente se for um prólogo após uma introdução que vem depois de um prefácio. Mas estes, em geral, só são encontrados em trabalhos de não-ficção. O prólogo num romance é a história anterior e você pode inseri-la quando quiser. Há um prólogo no livro de John Steinbeck Sweet Thursday, mas tudo bem, porque o personagem do livro justifica o que as minhas regras expõem. Ele diz: “Gosto de muito diálogo num livro e não gosto de ter alguém me contando sobre a aparência do cara que está falando. Eu quero imaginar a cara dele a partir da maneira como ele fala.”
3 – …disse. [é o bastante!]. Use sempre o verbo “disse” para indicar o diálogo. A sentença do diálogo pertence ao personagem; o verbo é uma interferência do escritor. Mas “disse” é muito menos manipulador do que “murmurou”, “mentiu”, “aconselhou”, “suspirou”. Lembro-me de uma vez em que Mary McCarthy acabou um diálogo com “ela asseverou” e tive que parar de ler para ir ao dicionário.
4 – Fora com os advérbios. Nunca use um advérbio para modificar o verbo “disse”… ele sobriamente advertiu. Para usar o advérbio dessa maneira ( ou em quase todas as maneiras) é um pecado mortal. O escritor se expõe ao usar uma palavra que distrai a atenção e que pode interromper o ritmo da troca de idéias. Tenho um personagem em um de meus livros que explica como ela escrevia romances históricos; “cheios de estupros e advérbios”.
5 – Pouquíssimos pontos de exclamação! Mantenha o número dos pontos de exclamação sob controle. Só é permitido usar dois ou três por cada 100.000 palavras de prosa. Se você tem a habilidade de exclamações como a do escritor Tom Wolfe, você pode colocar muito mais.
6 – Corte os: de repente ou equivalentes de “tudo foi para as cucuias”. Nunca use as expressões “De repente” ou “ e tudo foi para o brejo”. Essa regra não precisa de explicações. Já notei que escritores que usam “de repente” raramente têm controle sobre os pontos de exclamação.
7 – Evite dialetos regionais. Use raramente dialetos regionais. Quando você começar a escrever palavras foneticamente em um diálogo e encher as páginas com apóstrofes, você não vai conseguir parar. Preste atenção, por exemplo, na maneira como Annie Proulx captura o sabor das vozes de Wyoming no seu livro de contos Close Range.
8 – Não detalhe os personagens. Evite as descrições detalhadas dos personagens, Steinbeck notou isso. No livro de Ernest Hemingway Hills Like White Elephants, como era a aparência da americana com ele? “ Ela tinha tirado o chapéu e o pousara sobre a mesa. “ Este é o único traço de uma descrição física na história.
9 – Não perca tempo com paisagens. Não descreva coisas e paisagens com muitos detalhes, a não ser que você seja uma Maragaret Atwood e consiga pintar cenas com linguagem. Você não deve interromper uma cena de ação, o movimento da história, não deve pará-la.
10 – Não escreva o que você não leria. Tente deixar de lado as partes que os leitores pularão. Pense no que você pula quando lê um romance: longos parágrafos de prosa que você vê que têm palavras demais no seu conteúdo.
A regra mais importante, que contém todas as outras 10: se soa como prosa, re-escreva.
Mas quem é Elmore Leonard para dar conselhos?
Ele é um escritor que começou sua carreira escrevendo faroeste. Depois voltou sua atenção para a ficção detetivesca: crime e mistério. Ele é um escritor dos mais prolíficos. Já escreveu mais de 30 romances, a maioria deles grandes sucessos de vendas. É um escritor que é levado a sério pelo mundo literário. Elmore Leonard nasceu em Nova Orleans, Louisiana (EUA), em 1925. Muitos de seus romances foram adaptados para o cinema. Também é roteirista e redator de publicidade. Tornou-se conhecido a partir dos anos 80, quando chamou a atenção da crítica e do público. Sua obra recebeu diversas premiações, entre elas o Grand Master Award da associação Mystery Writers, concedido apenas aos autores cujo conjunto de suas publicações deu contribuição significativa para o desenvolvimento do gênero. Ele tem seis livros publicados pela Rocco, entre eles Ponche de rum, que inspirou ao cineasta Quentin Tarantino o filme Jackie Brown. Os outros são: Maximum Bob, Pronto, Cárcere privado, Irresistível paixão e Cuba Libre.
—
—
Pascoal, sobrinho do Professor Pardal, escrevendo uma carta, ilustração Walt Disney.
—
—
Diana Athill
—–
Nascida em 1917, Diana foi funcionária da BBC na Segunda Guerra. Em sua longa carreira de editora trabalhou com autores do calibre de Elias Canetti, Philip Roth e John Updike, ajudando André Deutsch a consolidar a empresa que levava seu nome, uma das mais prestigiosas casas editoriais de seu país.
—
1 – Leia em voz alta para você mesmo. Esta é a única maneira de saber se o ritmo das frases está certo.
2 – Corte ( talvez isso devesse ser CORTE): só as palavras essenciais contam.
3 – Você não precisa acabar com as suas frases favoritas, mas aquelas que lhe são muito caras, aquelas das quais você está orgulhoso, volte a lê-las. Invariavelmente seu texto ficará melhor sem elas.
—
—
Margaret Atwood
Margaret Atwood é canadense. Publicou seu primeiro livro aos 22 anos. Hoje, sua extensa e diversificada bibliografia conta com mais de 30 títulos, entre romances, coletâneas de contos, poesias, livros infantis e textos não-ficcionais. Sua vasta experiência inclui também roteiros para rádio e televisão. Traduzida para dezenas de idiomas, sua obra já lhe rendeu prêmios como o Booker Prize, recebido no ano 2000 pelo romance O assassino cego. A autora ostenta títulos honorários de mais de dez universidades e já teve um livro adaptado para o cinema.
—
1 – Para escrever num avião leve um lápis. Canetas vasam. Mas se o lápis quebra, você não pode apontá-lo, porque não pode levar o apontador dentro do avião. Então, leve dois lápis.
2 – Se ambos os lápis quebrarem, você poderá afiar a ponta, numa emergência, com uma lixa de unhas.
3 – Leve algum material em que escrever. Papel seria bom. Numa emergência pedaços de madeira ou seu próprio braço servem.
4 – Se você usa um computador, sempre proteja o seu novo texto com um pen drive.
5 – Faça exercícios para as costas. Dores tiram a atenção.
6 – Mantenha a atenção do leitor. (Isso fluirá melhor se você conseguir manter a sua própria atenção). Mas você não conhece o leitor, então é como caçar com uma única bala no escuro. O que fascina A certamente aborrecerá B.
7 – Provavelmente você precisará de um bom dicionário, de uma gramática elementar e de uma boa dose de realidade. Isso quer dizer: nada é de graça. Escrever é trabalho duro. Também é uma aposta. Você não tem plano de aposentadoria. Outras pessoas podem lhe ajudar um pouco, mas – basicamente você estará sozinho, por si só. Ninguém o está forçando a fazer isso: é sua escolha, não reclame.
8 – Você jamais poderá ler seu próprio livro com a ingênua antecipação com que lê a primeira página de um novo livro, porque você o escreveu. Você conhece os bastidores; viu como os coelhos foram escondidos dentro do chapéu. Então, peça a um ou dois amigos para lerem o texto antes que você o envie para uma editora. Esse amigo não deve ser alguém com quem você mantém um relacionamento amoroso, a não ser que vocês queiram se separar.
9 – Não se sente no meio da floresta. Se você se perder no enredo ou se tiver um bloqueio, volte nos seus passos at onde você se perdeu. Aí, pegue a outra estrada. E/ou mude de personagem. Mude o tempo verbal. Mude a primeira página.
10 – Uma oração pode funcionar. Ou ler uma outra coisa. Ou visualizar ininterruptamente o Santo Graal que é o final, a versão publicada e esplendorosa do seu livro.
—
—
![escrever donald, escritor, sobrinho,](https://peregrinacultural.com/wp-content/uploads/2010/05/escrever-donald-escritor-sobrinho.jpg?w=510)
Ilustração Pato Donald escritor, Walt Disney.
—
—
Roddy Doyle
Roddy Doyle nasceu em Dublin, Irlanda, em 1958. Escreveu diversos romances, muitos adaptados para o cinema. Também foi ganhador do Man-Booker Prize, em 1993. O autor também escreve roteiros e scripts para o cinema. Mora em Dublin.
—
1 – Não coloque a foto de seu escritor favorito na sua mesa de trabalho, principalmente se ele for um daqueles famosos que se suicidou.
2 – Seja generoso consigo mesmo. Preencha páginas o mais rápido possível; espaço duplo, ou escreva pulando uma linha. Veja cada nova página como um pequeno triunfo.
3 – Até que você chegue à página 50. Aí acalme-se, e comece a se preocupar com a qualidade. Sinta a ansiedade, ela faz parte do trabalho.
4 – Dê um nome ao seu livro o mais rápido possível. Tome posse dele, visualize-o. Dickens sabia que Bleak House se chamaria assim antes de começar a escrevê-lo. O resto deve ter sido mais fácil.
5 – Restrinja suas visitas a uns poucos portais na internet, por dia. Não procure por livros na rede, a não ser que seja para pesquisa.
6 – Mantenha próximo um dicionário, mas guarde-o no junto coma as ferramentas do jardim ou atrás da geladeira, em algum lugar que você precise fazer um esforço para consultá-lo. Provavelmente as palavras que lhe vêem à cabeça serão adequadas, como “cavalo”, “correr”, “disse”.
7 – Vez por outra seja seduzido. Lave o chão da cozinha, pendure as roupas lavadas. É pesquisa.
8 – Mude de idéia. Boas idéias em geral são assassinadas por melhores idéias. Eu estva escrevendo um romance sobre um grupo chamado The Partitions. Aí decidi chamá-los The Commitments. [NT: Ele se refere ao seu grande sucesso nas telas do cinema, ao filme que, no Brasil, levou o título Loucos pela Fama.]
9 – Não procure pelo livro que você ainda não escreveu na Amazon.com.
10 – Gaste alguns minutos por dia trabalhando no blog do seu livro, mas depois volte ao trabalho.
—
—
Helen Dunmore
Helen Dunmore é uma poetisa inglesa, romancista e escritora de livros infanto-juvenis. Ganhou já diversos prêmios de ficção entre eles o Orange Prize. Alguns de seus livros infanto-juvenis são hoje em dia adotados nas escolas britânicas. Ela mora em Bristol.
—-
1 – Acabe cada dia de escrita enquanto você ainda quer continuar a escrever.
2 – Ouça o que você escreveu. Um erro no ritmo de um diálogo pode mostrar que você ainda não entende seus personagens tão bem quanto o necessário para transcrever suas vozes.
3 – Leia as cartas de Keats.
4 – Releia, re-escreva, releia, re-escreva. Se o texto ainda não estiver certo jogue-o fora. Vai se sentir bem, e você não quer ficar cheio de poemas mortos e histórias que tem tudo neles menos a vida de que precisam.
5 – Memorize seus poemas.
6 – Torne-se membro das organizações profissionais que contribuem para os direitos dos autores.
7 — Um problema de texto com freqüência é resolvido se você sai para uma longa caminhada.
8 — Se você acha que tomar conta das crianças e da casa vão estragar a sua escrita lembre-se do escritor J.G. Ballard.
9 – Não se preocupe com a posteridade. Como Larkin observou “ o que sobreviverá de nós é o amor”.
—
—
![aceditar em fantasias, peninha, ariosto, revista zé carioca, livro, disney](https://peregrinacultural.com/wp-content/uploads/2010/05/aceditar-em-fantasias-peninha-ariosto-revista-ze-carioca-livro-disney.jpg?w=510&h=490)
Ilustração Walt Disney, Nestor e Peninha conversam sobre um livro.
—-
—-
Geoff Dyer
Geoff Dyer nasceu em Cheltenham, Inglaterra, em 1958, e estudou em Oxford. É autor de três romances, de diversos livros de não-ficção, e escreve artigos para publicações como The Guardian, The Independent, New Statesman e Esquire.
—-
1 – Nunca se preocupe com as possibilidades comerciais do seu projeto. Isso é ou não preocupação para os agentes e editores. Conversa com meu agente americano. Eu: “ Estou escrevendo um livro tão chato, com possibilidades comerciais tão pequenas, que se você publicá-lo provavelmente vai perder o seu emprego.” Agente: “É exatamente isso que me faz querer manter o meu emprego.”
2 – Não escreva em lugares públicos. No início dos anos 90 fui morar em Paris. Pelas razões conhecidas pelos escritores: naquela época se você fosse apanhado escrevendo num bar na Inglaterra, você poderia ter apanhado, enquanto em Paris, nos cafés… desde então tenho aversão a escrever em público. Hoje acredito que deva ser feito só em casa, como qualquer outra atividade de limpeza.
3 – Não se torne um daqueles escritoires que se limitam a passer a vida inteira bajulando Nabokov.
4 – Se você usa um computador, faça melhorias, estabeleça novos parâmetros nas correções automáticas. A única razão de permanecer file ao meu pobre computador é que eu já investi tanta imaginação nele, construindo uma das melhores pastas de auto-correção da história literária. Palavras perfeitamente soletradas aparecem com apenas algumas poucas teclas: “Niet” se transforma em “Nietzsche”, “phoy” se torna “photography” e assim por diante. Genial!
5 — Mantenha um diário. Um dos meus maiores arrependimentos é de nunca ter mantido um diário.
6 – Tenha alguns arrependimentos. Eles são energia. Na página eles se transformam em desejos.
7 – Trabalhe mais de uma idéia ao mesmo tempo. Se tiver que fazer uma escolha entre escrever um livro e não fazer nada eu sempre escolherei a última opção. Só se eu tenho uma idéia para dois livros é que eu escolho trabalhar num ao invés do outro. Tenho sempre que me sentir como escapando de algum projeto.
8 – Tome cuidado com os clichês. Não só os clichês com que Martin Amis está sempre brigando. Há respostas que são clichés, assim como expressões. Há clichês de observação e de pensamento – até mesmo de conceito. Muitos romances, até mesmo alguns razoavelmente bem escritos, têm clichês no formato assim como clichês nas expectativas.
9 – Escreva todos os dias. Crie o hábito de colocar suas observações em palavras e gradualmente isso se tornará instintivo. Essa é a regras mais importante de todas e eu, naturalmente, não a sigo.
10 – Nunca ande numa bicicleta sem freios. Se alguma coisa se mostra muito difícil, desista e faça alguma outra coisa. Tente viver sem ter que se submeter à perseverança. Mas para escrever tudo é perseverança. Você tem que insistir. Quando eu estava com uns 30 anos eu ia malhar, apesar de detestar fazer isso. A intenção era pospor o dia em que eu iria parar de ir. É isso o que escrever é para mim: uma maneira de pospor o dia em que eu não o farei mais, o dia em eu entrarei numa depressão tão profunda que será indistinguível da felicidade total.
—
—
Anne Enright
Anne Enright (1962, Dublin, Irlanda) arrematou o Man Booker Prize de 2007 com o romance O Encontro, um mergulho no passado de uma família disfuncional. Atualmente é crítica de Literatura do Guardian. Teve seus textos publicados nas revistas New Yorker, Granta e London Review of Books. Os recônditos da vida familiar, tema central de suas obras, são explorados em linguagem inventiva.
—-
1 – Os primeiros 12 anos são os piores.
2 – A maneira de escrever um livro é na verdade escrever um livro. Uma caneta é útil, bater à máquina também. Esteja sempre colocando palavras na página.
3 – Só os escritores ruins pensam que seu trabalho é realmente bom.
4 – Descrições são difíceis. Lembre-se de que toda descrição é uma opinião sobre o mundo. Acha o seu ponto de vista.
5 – Escreva o que quiser. Ficção é feita de palavras numa página; realidade é feita de outra coisa. Não importa o quão a sua história é “real”, ou quanto é “inventada”: o que importa é a sua necessidade.
6 – Tente ser preciso sobre as coisas.
7 – Imagine-se morrendo. Se você tivesse uma doença incurável você acabaria o seu livro? Por que não? O que aborrece nesta vida de 10 semanas de sobrevivência é o que está errado como seu livro. Mude. Pare de argumentar com você mesmo. Mude. Vê? É fácil. E ninguém precisou morrer.
8 – Você também pode fazer tudo isso com uísque.
9 – Divirta-se.
10 – Lembre-se, se você se sentar à sua mesa de trabalho por 15 ou 20 anos, todos os dias, sem contar os fins de semana, isso mudará algo em você. Simplesmente acontece. Pode mudar a sua disposição, mas consolida outra coisa. Faz você ficar mais livre.
—
—
![diário, margarida, escrever](https://peregrinacultural.com/wp-content/uploads/2010/05/diario-margarida-escrever.jpg?w=510&h=602)
Ilustração: Margarida escreve em seu diário, Walt Disney.
—
—
Richard Ford
Richard Ford é um escritor americano, romancista e contista, vencedor do Pulitzer Prize. Alguns de seus livros já foram passados para o cinema com grande sucesso.
—-
1 – Case-se com alguém que você ame e que ache que você ser escritor é uma idéia maravilhosa.
2 – Não tenha filhos.
3 – Não leia críticas.
4 – Não escreva críticas ( seu julgamento é sempre preconceituoso).
5 – Não tenha discussões com sua mulher de manhã ou tarde da noite.
6 – Não beba e escreva ao mesmo tempo.
7 – Não escreva cartas para o editor ( ninguém está interessado).
8 – Não deseje mal aos seus colegas.
9 – Pense que a sorte dos outros é um bom encorajamento para você.
10 – Se possível, não deixe ninguém lhe encher o saco.
—
—
Jonathan Franzen
—–
Nasceu em Western Springs, Illinois, em 1959. Colabora com as revistas The New Yorker e Harper’s. Foi eleito pela revista literária Granta um dos vinte melhores jovens romancistas americanos. Polêmico, recusou-se a ir ao talk show de Oprah Winfrey, um dos programas de TV de maior audiência dos Estados Unidos, para divulgar o romance As correções.
—-
1 – O leitor é um amigo, não é um adversário, nem um espectador.
2 — Ficção que não é a aventura pessoal de um autor num mundo desconhecido ou perigoso não vale a pena ser escrita, só vale a pena ser escrita por dinheiro.
3 – Nunca use a palavra “então” como conjunção – temos “e” para essa função. Substituir “então” é uma maneira preguiçosa, para um autor sem ouvido, para o problema de “e” demais numa página.
4 – Escreva na Terceira pessoa a não ser que você tenha um primeira voz muito distinta e que se ofereça sedutoramente.
5 — Quando uma informação se torna gratuita e accessível universalmente, a pesquisa volumosa para um romance se torna tão sem valor quanto a informação.
6 – A mais pura ficção autobiográfica requer pura invenção. Ninguém escreveu uma história mais autobiográfica do que “ A Metamorfose”.
7 – Você vê mais se sentando imóvel do que indo atrás.
8 – É duvidoso que qualquer pessoa com uma conexão à internet na sua área de trabalho esteja escrevendo boa ficção.
9 – Verbos interessantes raramente são muito interessantes.
10 – Você precisa amar antes de ser implacável.
—
—
![escritor mickey mouse, sobrinhos, máquina de escrever,](https://peregrinacultural.com/wp-content/uploads/2010/05/escritor-mickey-mouse-sobrinhos-maquina-de-escrever.jpg?w=510&h=279)
Ilustração: Mickey tenta escrever, Walt Disney.
—
—
Esther Freud
Nasceu em Londres em 1963, filha do pintor Lucien Freud e bisneta de Sigmund Freud. Foi atriz antes de se dedicar à literatura.
—-
1 – Corte as metáforas e símiles. No meu primeiro livro prometi a mim mesma que não iria usar qualquer uma delas – mas eu me quebrei a promessa – durante um por de sol no capítulo 11. Ainda enrubesço quando leio essa passagem.
2 – Uma história precisa de ritmo. Leia em voz alta para você mesmo, se não parece mágico há algo que está faltando.
3 – Editar é tudo. Corte até que você não possa cortar mais. O que resta em geral ganha vida.
4 – Ache a melhor hora do dia para escrever e escreva. Não deixe qualquer outra coisa interferir. Depois não fará a menor diferença se a sua cozinha está bagunçada.
5 – Não espere pela inspiração. Disciplina é o segredo.
6 – Confie no seu leitor. Não precisa explicar tudo. Se você sabe alguma coisa e se colocou vida nisso, os leitores também saberão.
7 – Não se esqueça até mesmo suas regras foram feitas para serem quebradas.
—
—
Neil Gaiman
Neil Gaiman é um autor inglês, de romances e quadrinhos que escolheu viver nos Estados Unidos, em Minneapolis. É internacionalmente conhecido como roteirista por seu trabalho na série Sandman. Gaiman não se fixou nos quadrinhos, também escreve roteiros para séries televisivas e atualmente vem se dedicando à carreira literária.
—–
1 – Escreva.
2 – Coloque uma palavra atrás da outra. Ache a palavra certa, escreva-a.
3 — Acabe o que você está escrevendo. Não importa o que seja necessário, chegue ao fim.
4 – Ponha o que escreveu de lado. Leia como se não tivesse nunca lido antes. Mostre aos amigos cujas opiniões você respeita e que gostam do tipo de ficção que você escreve.
5 – Lembre-se: quando alguém diz que há alguma coisa errada ou que não se entusiamaram, eles estão quase sempre certos. Quando eles dizem a você exatamente o que está errado e mostram como consertar, eles estão quase sempre errados.
6 – Conserte o texto. Lembre-se de que, mais cedo ou mais tarde, antes de chegar à perfeição, você terá que deixar o texto ir embora e continuar a sua vida, começar a escrever seu próximo texto. Perfeição é como querer caçar o horizonte. Vá em frente.
7 – Ria-se de suas próprias piadas.
8 – A principal regra da escrita é que se você faz isso com bastante segurança e confiança, você tem permissão de fazer o que quiser. (Esta talvez seja uma regra para vida assim como para a escrita. Mas é verdadeira para a escrita). Então, escreva sua história como ela precisa ser escrita. Escreva com honestidade e conte-a da melhor forma possível. Não sei se há qualquer outra regra. Nenhuma que seja importante.
—
—
![estudando, escrevendo, musica, radio, chico bento](https://peregrinacultural.com/wp-content/uploads/2010/05/estudando-escrevendo-musica-radio-chico-bento.jpg?w=510&h=384)
Ilustração, Chico Bento estuda ao som de música, Maurício de Sousa.
—
—
David Hare
Dramaturgo e argumentista inglês, nascido em 1947, em St. Leonards, no Sussex.
—-
1 – Escreva só quando tiver alguma coisa para dizer.
2 – Nunca siga os conselhos de pessoas para quem o resultado não tem importância.
3 – Estilo é a arte de sair do caminho e não de se colocar nele.
4 – Se ninguém encenar a sua peça, encene você mesmo.
5 – Piadas são como os pés e as mãos de um pintor. Talvez não seja o que você pretenda fazer, mas você tem que saber fazê-las no caminho.
6 – O teatro pertence primeiramente ao jovem.
7 – Ninguém chega a consitencia sendo um dramaturgo.
8 — Nunca vá a um festival de pessoas da TV com pretensões de festival literário.
9 – Nunca reclame de não ser compreendido. Você escolhe se quer ser compreendido ou não.
10 – As duas palavras mais deprimentes na língua inglesa são: “ficção literária”.
—
—
PD James
—–
Phyllis Dorothy James, OBE, nasceu em Oxford, Inglaterra. É a Baronesa James de Holland Park, membro da House of Lords (Câmara dos Lordes) e uma escritora britânica de ficção policial que usa o nome P. D. James ao assinar as suas obras. É reconhecida como uma das escritoras que mais influenciaram o género literário do romance de mistério, sendo especialmente notável a forma como caracteriza as suas personagens e a sua habilidade em construir atmosferas cheias de detalhes.
——
1 – Aumente o seu poder com as palavras. Palavras são a matéria prima da sua arte. Quanto maior o seu vocabulário mais efetiva a sua escrita.
2 – Leia amplamente e com discriminação. Má escrita é contagiante.
3 – Não só planeje escrever – escreva! É só escrevendo, e não sonhando a respeito, que você poderá desenvolver o seu próprio estilo.
4 – Escreva aquilo que você precisa escrever, e não o que está na moda no momento, ou o que você acha que será vendável.
5 – Abra a sua mente para novas experiências, particularmente para o estudo das pessoas. Nada que acontece com um escritor – feliz ou trágico – é desperdiçado.
—
—
FIM DA PRIMEIRA POSTAGEM — PRÓXIMA POSTAGEM CONTINUAÇÃO COM OUTROS AUTORES.