Offenbach, texto de Guillermo Cabrera Infante

18 09 2025

O gato

Sonya Grassmann  (Bulgária-Brasil, 1933-1997)

[Anne Marie Elisabeth Graesse]

acrílica sobre madeira, 30 cm x 32 cm

 

 

A curiosidade de Offenbach não tem limites animais: basta que alguém de nós pare diante das janelas que dão para rua, para ver Offenbach, atrás e abaixo, tentando olhar o que olhamos, por todos os meios, chegando a miar para que o carreguem ou suba ao televisor e, espichando o pescoço, olhar também o que olhamos.

Um dia chegou em casa a bela G. Ch., numa visita breve, e Offenbach, talvez reconhecendo-a, caprichou seu caminhar à Dietrich para atravessar a sala em direção ao estúdio e para inspirar a simpatia eterna à visita: a mesma coisa acontece com qualquer visitante receptivo aos gatos.

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Ver Offenbach comer ou tomar água é outro deleite: não pode haver maior finura em atos tão animais. Sua língua sobe e desce na água com uma regularidade metronômica, e, ao comer, morde gentilmente a carne e a engole pouco a pouco, à medida que é mastigada por seus débeis dentes. 

Offenbach é um espetáculo de ver até dormindo, sobretudo dormindo. Nos dias de sol ele se regala com a luz e o calor, estirando uma pata à frente enquanto coloca sobre ela a cabeça à maneira de almofada.  Nos dias frios se recolhe como  uma galinha chocando, perto de um dos radiadores, convertendo-se numa verdadeira bola de pelos, apenas a cabeça saindo de dentro do abrigo natural. Outras vezes usa como travesseiro os objetos mais diferentes: o cabo do telefone, a perna de um radiador, o próprio chão, enquanto seu corpo descansa num coxim. Outras vezes… mas basta. 

 

Em: Offenbach, conto de Guillermo Cabrera Infante (1929-2005), em Os melhores contos de cães e gatos, org. Flávio Moreira da Costa, Rio de Janeiro, Ediouro: 2007





Em casa: Victor Gabriel Gilbert

29 06 2025

Antecipação, 1899

Victor Gabriel Gilbert (França,1847-1933)

óleo sobre tela





Imagem de leitura: Nikolai Yaroshenko

27 06 2025

Retrato de mulher com gato, c. 1890

Nikolai Yaroshenko (Ucrânia, 1846-1898)

óleo sobre tela, 79 x 81 cm 





Silêncio, José Saramago

21 06 2025
Não conheço a autoria dessa imagem.  Só há uma fonte na internet para ela.  Reproduzida muitas vezes.  Não confio. Tenho a impressão de que é feita por IA, ainda que alguns atribuam a um pintor do final do século XIX.  Nem vou mencionar seu nome para evitar que um rumor se propague.  Totalmente fora de seu estilo.   É no entanto uma interessante superimposição ao texto que segue. Serve também para alertar a todos vocês que aqui aparecem que há horas em que temos que confiar nos nossos instintos. 

 

“O som do relógio, que expulsara o silêncio, morria em vibrações cada vez mais ténues e distantes. Depois de apagar todas as luzes, Justina foi sentar-se numa cadeira, perto da janela que dava para a rua. Gostava de ali estar, imóvel, desocupada, as mãos abandonadas no regaço, os olhos abertos para a escuridão, à espera nem ela sabia de quê. A seus pés veio enroscar-se o gato, seu único companheiro de serões. Era um animal tranquilo, de olhos interrogadores e andar sinuoso, que parecia ter perdido a faculdade de miar. Aprendera com a dona o silêncio e, como ela, a ele se abandonava.”

 

 

Em: Claraboia, José Saramago, Cia das Letras.  Original de 1953, publicação póstuma em nova edição. 

 





O escuro, texto de Mia Couto

22 05 2025

Gato

Carlos Anesi (Argentina-Brasil, 1943-2010)

óleo sobre tela, 90 x 130 cm

 

 

“E os olhos do escuro se amarelaram. E se viram escorrer, enxofrinhas, duas lagriminhas amarelas em fundo preto.
O escuro ainda chorava:
– Sou feio. Não há quem goste de mim.
– Mentira, você é lindo. Tanto como os outros.
– Então porque não figuro nem no arco-íris?
– Você figura no meu arco-íris.
– Os meninos têm medo de mim. Todos têm medo do escuro.
– Os meninos não sabem que o escuro só existe é dentro de nós.
– Não entendo, Dona Gata.
– Dentro de cada um há o seu escuro. E nesse escuro só mora quem lá inventamos. Agora me entende?
– Não estou claro, Dona Gata.
– Não é você que mete medo. Somos nós que enchemos o escuro com nosso medos.”

Mia Couto, em O gato e o escuro; Cia das Letrinhas: 2008





Na boca do povo: escolha de provérbios populares

8 05 2025
 
“Gato em jornada, ratos em patuscada.”




“Para um menino felino”, poesia infantil de Paulo Mendes Campos

16 04 2025
Gato de Botas, Ilustração Marie Hohneck,1905-08

 

 

Para um menino felino

 

Paulo Mendes Campos

 

O gato pensa um bocado!

Pensa de frente e de lado!

Esticado ou enrolado!

Satisfeito ou chateado!

Brincalhão ou preocupado!

Sem jantar ou já jantado!

Com saúde ou constipado!

O gato pensa um bocado!

Pensa no império chinês!…

Pensa no irmão siamês!…

Mas um gato sem talento

só tem um pensamento:

CAMUNDONGO! CAMUNDONGO!

Se te pego, te viro assim: OGANODNUMAC!…





Dia do gato!

17 02 2024

Gato

Gustavo Rosa (Brasil,1946 – 2013)

óleo sobre tela

 

 

Soube hoje pelo Instagram que este é o dia dos gatos.  Eu não sabia que havia um dia dedicado a eles, mas neste século parece que todos nós temos direito a um dia para chamar de nosso. Em homenagens aos gatos (de vez em quando eu posto algo sobre animais nas artes) aqui vão alguns felinos de artistas brasileiros.

 

 

Gato

Aldo de Paula Fonseca (Brasil, 1947)

óleo sobre tela, 60 x 74 cm

 

 

 

Gato com vaso de flores

Emiliano Di Cavalcanti (Brasil, 1897-1976)

guache, nanquim sobre cartão, 30 x 21cm

 

 

 

Gato # 1

Nato Gomes (Brasil, contemporâneo)

técnica mista, aquarela e digital

 

 

 

Gato Preto, 1950

Iberê Camargo (Brasil, 1914-1994)

óleo sobre tela, 38 x 54 cm

 

 

 

Um gato, década de 1990

Maria Alcina (Brasil 1944)

óleo sobre tela

 

 

 

Dois gatos, c. 1950

Vicente do Rego Monteiro (Brasil, 1899-1970)

óleo sobre tela

 

 

 

Gato nº 3, 1957

Aldemir Martins

nanquim e ecoline (aquarela líquida) sobre papel, 50 x 70cm

 

 

 

Gato

Renê Tomczak (Brasil, contemporâneo)

óleo sobre tela, 80 x 60cm

 

 

 

 Gato, 2003

Reynaldo Fonseca (Brasil, 1925-2019

pincel seco sobre papel, 71 x 51 cm

 

 

 

Casal de gatos

Luiz Costa (Brasil, contemporâneo)

acrílica sobre tela, 150 x 100 cm





Todo mundo lê!

20 02 2023




Em casa: Belinda del Pesco

29 08 2021

Chamada para a poltrona de leitura

Belinda del Pesco (EUA, contemporânea)

Aquarela e grafite sobre papel, 24 x 31 cm

www.belindadelpesco.com