Jovem de blusa azul
Jeannette Perreault (Canadá, 1958)
óleo sobre tela, 90 x 70 cm
“Não há fragata melhor que um livro para nos levar a terras distantes”
Emily Dickinson
Jovem de blusa azul
Jeannette Perreault (Canadá, 1958)
óleo sobre tela, 90 x 70 cm
Emily Dickinson
Nos degraus
Monica Castanys (Espanha, 1973)
óleo sobre tela
Emily Dickinson
Frederick Simpson Coburn (Canadá, 1871-1960)
óleo sobre tela, 77 x 62 cm
Coleção Particular
Emily Dickinson
Johannes Vermeer (Holanda, 1632-1675)
óleo sobre tela, 120 x 100 cm
Kunsthistorisches Museum, Viena
Trecho de entrevista do jornal O GLOBO com Camille Paglia.
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O GLOBO — Nós estamos em meio a eleições presidenciais no Brasil, e o tema da cultura está praticamente fora dos debates entre candidatos. Por que você acha que os governos ainda encaram a cultura como alegoria?
Camille Paglia — Os políticos habitam o mundo concreto, pragmático, e já não se espera que sejam analistas culturais. A educação é o veículo da cultura, e é por isso que é o lugar onde a sociedade deve investir fortemente. Infelizmente, nesse clima econômico instável, o apoio financeiro para a educação e as artes está diminuindo, fazendo parecer que a arte é uma frivolidade, quando há desemprego e as pessoas vivem em favelas miseráveis. Além disso, há 35 anos na área de humanas há uma epidemia venenosa das teorias pós-modernas e pós-estruturalistas, que reduz a arte à política e nega seus sentimentos fundamentais. Como culpar os políticos por sua negligência, quando os guardiões das ciências humanas se comportam com tal irresponsabilidade e niilismo?
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O GLOBO — A pintura perdeu a primazia e a autoridade, como você afirma. Por que a pintura deve ter essa responsabilidade? Por que não outra linguagem artística?
Camille Paglia — Uma das principais invenções no mundo das artes foi o surgimento das pinturas portáteis e emolduradas durante o Renascimento. Antes disso, os pintores faziam suas grandes declarações em gesso fresco, nas paredes, onde a pintura estava estritamente ligada à arquitetura, ou em têmpera de ovo sobre madeira. Ambos secavam rapidamente, portanto os pintores tinham que trabalhar rapidamente, e usavam formas simples e poucas cores. A chegada da pintura a óleo, aperfeiçoada pela primeira vez na Holanda, permitiu que os artistas trabalhassem mais lentamente. Além disso, as misturas de tintas produziam finas gradações de cor, permitindo que o artista captasse sutilezas de luz, sombra e cor da pele. A pintura a óleo foi revolucionária e inspirou artistas a expressar e refinar suas personalidades, seus pensamentos e suas emoções. O declínio da pintura diante da abundância de novas mídias digitais, enfraqueceu seriamente esse prestígio. Centenas de grandes obras foram produzidas durante o reinado da pintura a óleo, ao longo de 500 anos. Mas onde estão as obras-primas de hoje?
O GLOBO — É mais importante o artista estar conectado à tradição ou ao seu próprio tempo?
Camille Paglia — Certos artistas parecem eclodir de seu momento histórico, simbolizando-o, como Lord Byron. Outros como El Greco e Emily Dickinson, são ignorados por seus contemporâneos e redescobertos pelas gerações seguintes. Todos os grandes artistas transcendem seus espaço e tempo. Em termos de tradição, artistas criam sua própria identidade em uma outra dinastia: eles podem rejeitar a geração que os formou e conectar-se com o mestres mortos há muito tempo. Se um artista deseja fama e prêmios instantâneos, ele fala para seu próprio tempo. Mas os maiores artistas saem do passado e falam para o futuro.
Para a entrevista completa: O GLOBO




