Curiosidade Literária

7 08 2023

Charles Dickens foi um dos grandes fenômenos da literatura inglesa.  Poucos sabem, no entanto, que nos dias de hoje talvez ele fosse considerado com um leve caso de TOC, transtorno obsessivo compulsivo.  Porque seu comportamento quanto à arrumação de mobiliário era fora da norma.

Dickens se recusava a escrever em qualquer cômodo se mesas e cadeiras não estivessem organizadas de maneira específica. Se, porventura, ele estivesse visitando uma pessoa amiga, ou passando alguns dias em um hotel, providenciava, de imediato, que tudo naquele quarto fosse re-arrumado a seu gosto.  Não bastasse isso, ele também era obsessivo com sua própria aparência, escovando seus cabelos dezenas de vezes em um dia, mesmo depois que começou a perdê-los.  Era capaz de passar o pente nos cabelos, mesmo durante um jantar formal, se sentisse que havia uma mecha fora do lugar.

Além disso Dickens era muito supersticioso.  Tocava três vezes em tudo, para dar sorte, considerava sexta-feira seu dia de sorte e curiosamente, sempre saía de Londres, no dia em que o último capítulo de seus livros publicados em série nos jornais, saía impresso e distribuído a seus leitores.

E, ainda sem explicação: Dickens insistia em dormir com sua cabeça de frente para o Polo Norte.

 

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Texto traduzido do livro:

Secret Lives of Great Authors: What Your Teachers Never Told You about Famous Novelists, Poets, and Playwrights, de Robert Schnakenberg, Kindle Edition, 2008





Curiosidade literária

31 07 2023

Saguão de entrada de hotel, 1943

Edward Hopper (EUA,1882-1967)

óleo sobre tela, 81 x 103 cm

Museu de Arte de Indianápolis

 

 

 

O dramaturgo americano Eugene O’Neill, (1888-1953), recipiente do Prêmio Nobel de Literatura em 1936, recebido em 1937 e diversos Prêmios Pulitzer, nasceu em um quarto de hotel, The Barrett House, na esquina de Broadway com rua 43, em Times Square,  Nova York.  Na época Times Square chamava-se Longacre Square.  Filho do imigrante irlandês James O’Neill, ator, e Mary Ellen Quinlan, americana de origem irlandesa, Eugene se familiarizou com o teatro desde cedo.  Uma das muitas curiosidades a seu respeito tem a ver exatamente com a coincidência de seu nascimento e morte. Eugene O’Neil faleceu em 1953, também num quarto de hotel, desta vez no Sheraton Hotel, em Boston (hoje Kilachand Hall no campus da Boston University) na Bay State Road.  Ficou conhecido por suas últimas palavras demonstrando sua incredulidade: “Eu sabia.  Eu sabia.  Nascido em um quarto de hotel e morto em um quarto de hotel!”  

 





Curiosidade literária

24 07 2023

Primeira fila orquestra, 1951

Edward Hopper (EUA, 1882-1965)

óleo sobre tela, 79 x 101 cm

Hirshhorn Museum and Sculpture Garden,

Washington DC

 

 

O escritor russo Boris Pasternak, autor do livro Doutor Zhivago, foi o primeiro escritor a recusar o Prêmio Nobel para Literatura.  Ele ganhou o prêmio em 1958 por conseguir, em linguagem poética contemporânea, dar continuidade à tradição épica da literatura russa.  A princípio, ele aceitou o prêmio, mas, pressionado pelo governo soviético, acabou recusando-o com medo que prendessem a ele e sua família.  Foi só trinta e um anos mais tarde, em 1989 que o filho de Pasternak foi à Suécia receber o prêmio por seu pai.

 





Curiosidade literária

17 07 2023

Arthur C. Clarke, cujo nome se entrelaça com a ficção científica, quer na literatura quanto no cinema, parecia sempre ter seu dedo no pulso do futuro. Foi grande pioneiro na leitura do futuro cibernético. Mas em 1978, parecia pronto para se aposentar. Estava com sessenta anos e achava que escrever se tornara muito trabalhoso para continuar, no momento em que sua saúde parecia começar a falhar.

Mas, graças à Microsoft acabou voltando a escrever, encantado com o progresso que sua escrita tinha quando usava o programa Wordstar, que havia sido lançado em 1979. De fato, nos meados da década de 1980 Wordstar era o programa padrão para produção de textos. No entanto, Arthur C. Clarke se encantou tanto com essa nova ferramenta da escrita, que reconheceu assistência do programa Wordstar como co-autor de seus romances, e responsável pela renascimento de sua própria criatividade.





Curiosidade literária

10 07 2023
Ilustração Kathy Lawrence.

 

 

Sylvia Plath, mais conhecida como autora do livro de poesias Ariel e de A Redoma de Vidro onde se estabeleceu com cenas quentes, trágicas, explorando a depressão, também é autora de um livro delicioso de poesias para crianças, que compôs para seus próprios filhos: Frieda e Nicholas. O título já explica o que é: O livro da cama.  Nele encontramos uma série de poesias gostosas e divertidas, com algum non-sense, sobre diferentes tipos de cama: cama para pescar, cama para gatos, cama de solteiro, e assim por diante.  Foi publicado com ilustrações do aclamado artista gráfico Quentin Blake que também foi o ilustrador original dos livros Dr. Seuss. 





Curiosidade literária

3 07 2023

O enterro, 1885

Erik Werenskiold ( Noruega, 1855-1938)

óleo sobre tela

National Gallery, Oslo, Noruega

 

 

Tafofobia ou tafefobia é  o medo de ser enterrado vivo.  Hans Christian Andersen o famoso escritor de histórias para crianças, nativo da Dinamarca, nascido em 1805 sofria deste medo. Influenciado pelos Irmãos Grimm, Heinrich Heine, Shakespeare obteve muito sucesso com histórias como A Pequena Sereia, O Soldadinho de Chumbo, A Rainha da Neve, O Patinho Feio, O Rouxinol e o Imperador.  Sua obra  foi traduzida para cento e vinte e cinco diferentes línguas, fazendo-o ocupar o oitavo lugar no recenseamento da UNESCO de autores mais traduzidos.  No entanto tinha medo tão grande de ser enterrado vivo que quando adoecia, achando que era grave, escrevia um bilhete que colocava na cabeceira da cama, com os dizeres: “Apenas pareço morto”.   Com o tempo sua fobia foi aumentando. Sabia que matematicamente, a cada ano, maiores eram suas chances de morrer ou ser tomado como morto sem o estar. Mas viveu uma longa vida, falecendo aos setenta anos em 1875.  Com esta fobia de ser enterrado vivo, deu ordens severas para que antes de sepultá-lo cortassem-lhe uma das artérias para ter certeza de que nenhuma gota de sangue jorraria por ela.

 





Curiosidade Literária

26 06 2023

Cometa, século XVI, provavelmente entre 1545-1552

Iluminura em O Livro dos Milagres

[Augsburger Wunderzeichenbuch]

Coleção Particular

 

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 O escritor americano Samuel Langhorne Clemens, conhecido como Mark Twain,  nasceu em novembro de 1835, quando o cometa Halley, em sua passagem pela Terra, foi visto.  Baseado neste fato, Twain previu a data de sua própria morte.  Em 1909, ele declarou publicamente:  “Vim com o Cometa Halley, ele está vindo de novo ano que vem.  Minha expectativa é de ir embora com ele.  Será a maior decepção  da minha vida se eu não for com ele também.”  Em abril do ano seguinte, o cometa passou pela Terra.  E Mark Twain faleceu no dia seguinte à sua passagem.

Fonte: Secret Lives of Great Writers, Rober Schnakenberg





Curiosidade literária

19 06 2023

Pouco se fala no outro grande sucesso de Shakespeare, além de seu legado literário. Apesar de suas primeiras peças teatrais serem hoje consideradas ainda imaturas, faltando um certo refino de forma, ela foram, em seu tempo, grande sucesso de bilheteria.  Comédias como  “A comédia de erros” (1623) e dramalhões como “Tito Andrônico” (1594)  representaram bem o gosto popular, rendendo a William Shakespeare o suficiente para sair da pobreza e viver como um “country gentleman”. Ele conseguiu especular financeiramente  comprando  e vendendo imóveis, onde obteve sucesso, investindo  sempre que possível.  Também emprestava dinheiro a juros, chegando a processar na justiça aqueles que não lhe pagavam de volta.  E finalmente ele comprou  ações do Globe Theater que o fizeram rico podendo se aposentar em 1613 em  Stratford, como um homem rico.

Fonte: Secret Lives of Great Authors, Robert Schnakenberg





Curiosidade literária

6 06 2023
Ilustração de Beatrix Potter.

 

 

O livro mais famoso de Beatrix Potter, As aventuras de Pedro, o Coelho, publicado em 1901, foi rejeitado por seis editores diferentes.  Era baseado nas histórias que Beatrix havia criado, contado e ilustrado para seus irmãos: Eric e Noel.  Depois de quase dez anos contando histórias e ilustrando-as, com incentivo da mãe dos meninos, Annie Moore, Beatrix tomou coragem para publicar o que criara.  Não obstante tanta rejeição, a escritora inglesa, determinada, insistiu no projeto, publicando por si própria esse livro que a tornou famosa.  Publicou e distribuiu duzentas e cinquenta cópias.  Todos os volumes foram para amigos e família.  Dentre esses,  estava Sir Arthur Conan Doyle, autor do famoso Sherlock Holmes, publicado em 1899.  Conan Doyle começou a comprar mais volumes.  Comprou e comprou.  Não foi o único a gostar das histórias.  Beatrix  foi imprimindo cada vez mais livros até que finalmente uma editora tradicional Frederick Warne & Co. se interessou pela publicação. Potter já estava por volta dos trinta e cinco anos quando conheceu fama e sucesso.

 

 





Curiosidade literária

29 05 2023

Retrato de mulher lendo

Max Rimböck (Alemanha, 1890-1956)

óleo sobre tela

 

William S. Burroughs matou acidentalmente sua companheira Joan Vollmer quando moravam Cidade do México.  Apesar de se declarar atraído por homens, dividia a  vida com Joan Vollmer por quem se dizia apaixonado.  Ela, por sua vez, tornou-se  a musa da geração Beat de poetas americanos. Na residência mexicana o casal tinha uma plantação de maconha e usufruía também do consumo de morfina. Mas essas não eram as únicas drogas a que se dedicavam, ambos abusavam das bebidas alcoólicas.  Numa noite, numa brincadeira, bêbados, Burroughs e Joan decidiram brincar de Guilherme Tell. Foi uma decisão desastrada porque Burroughs conhecido amante das armas de fogo e convencido de sua habilidade em usá-las, atirou com a intenção de acertar num copo  em cima da cabeça de Joan.  Errou.  Matou-a com um tiro na testa.  William S. Burroughs nunca foi julgado por esse assassinato.  Fugiu do México rapidamente.  Viajou para o Panamá, Colômbia, Equador, Peru procurando por ayahuasca, droga que provocava alucinações, sonhos, que considerava importantes para seu processo criativo.