Ilustração, Jessie Willcox Smith.
Discreta, naturalmente,
minha ternura se trai,
ante um tiquinho de gente
que me chama de “Papai”!
(Cesídio Ambrogi)
Discreta, naturalmente,
minha ternura se trai,
ante um tiquinho de gente
que me chama de “Papai”!
(Cesídio Ambrogi)
Que me traias, tu me negas,
mas, traindo-me, te trais:
– O perfume com que chegas,
nunca é o mesmo com que sais…
(Cesídio Ambrogi)

Casario
Francisco Céa (Brasil, 1908 – 1978 ?)
Cesídio Ambrogi
Meu vilarejo – um cromo estilizado:
O Largo da Matriz. Uma palmeira.
A cadeia sem preso nem soldado.
Calma em tudo. Silêncio. Pasmaceira.
Andorinhas em bando, no ar lavado.
O rio. O campo além de uma porteira.
Um velho casarão acaçapado
— Nossa casa tranquila e hospitaleira.
O Cruzeiro lá em cima, em plena serra,
Braços abertos para minha terra…
E eu criança e feliz. Que doce idade!
Hoje, porém, meu Deus, quanta emoção!
Do meu peito no triste mangueirão,
Cavo e soturno, o aboio da saudade…
Em: 232 Poetas Paulistas: antologia, ed. e col. Pedro de Alcântara Worms, São Paulo, Conquista: 1968, p. 209.
Cesídio Ambrogi nasceu em Natividade da Serra, a 22 de maio de 1894. Faleceu em 27 de julho de 1974. Professor, escritor, jornalista, poeta eclético. Fundador da “Sociedade Taubateana de Ensino” e considerado presidente perpétuo da União Brasileira de Trovadores (UBT-Taubaté). Casou-se em 1920 com Petronilha Chiaradia, que faleceu em 1933. Tiveram dois filhos. Cinco anos depois, contraiu matrimônio com a advogada, professora e também trovadora Lígia Teresinha Fumagalli com quem teve mais cinco filhos.
Obras:
As moreninhas, 1923


