Cacto
Mauro Mota
Insólito, agressivo,
de pudor botânico:
cacto.
Espantalho
da chuva,
bandido xerófilo,
muitiapunhalante.
A língua
dura e espinhenta
lambe e fere
o ígneo vento.
Cacto de aço
verde árido.
Mas
com o pranto nas raízes
e o impacto cromático
da flor cactácea
que se
abre neste mormaço.
Em: Antologia Poética, Mauro Mota, Rio de Janeiro, Editora Leitura:1968, p. 79





