Tua pulseira
Adherbal de Carvalho
(1869-1915)
(A uma moça que me põe uma pulseira no braço)
Tenho beijado esta pulseira olente,
Cheia de amor e cheia de magia!
Aperto-a ao coração constantemente,
Como um sinal da tua simpatia!
Os elos, que se prendem nos meus braços,
Creio que têm um pouco de tua alma;
Alma subtil, voando nos espaços,
Alma de amor, que o meu delírio acalma!
Constantemente, eu a tateio a medo
E com caricia levo-a ao meu ouvido,
Afim de ver se encerra algum segredo
Que o teu amor acaso haja escondido!
E, no entanto, é tão fria, tão pacata,
Como o metal argênteo de que é feita!
Não há nada tão frio como a prata,
Ou como este aro que o meu braço enfeita.
Apesar d’isso, sei-a amar, querida,
E quero-a tanto como a ti desejo;
Pois vejo n’ela a minha e a tua vida,
O nosso amor entrelaçando um beijo!
Em: Efêmeras, Adherbal de Carvalho, 1894.






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