Copos de leite, 1984
Carlos Scliar (Brasil, 1920-2001)
Vinil colado e encerado sobre tela, 56 x 37 cm
Jarro com flores, 1952
Arcangelo Ianelli (Brasil, 1922-2009)
óleo sobre tela, 72 x 60 cm
Copos de leite, 1984
Carlos Scliar (Brasil, 1920-2001)
Vinil colado e encerado sobre tela, 56 x 37 cm
Jarro com flores, 1952
Arcangelo Ianelli (Brasil, 1922-2009)
óleo sobre tela, 72 x 60 cm
Casamento na roça
Fulvio Pennacchi (Itália-Brasil, 1905-1992)
“A moça ficou noiva do primo — foi há tanto tempo. Casamento, depois de festa de igreja, era a maior festa, na cidade casmurra, de ferro e tédio. O noivo seguia para a casa da noiva, à frente de um cortejo. Cavalheiros e damas aos pares, de braço dado, em fila, subindo e descendo, descendo e subindo ruas ladeirentas. Meninos na retaguarda, é claro, naquele tempo criança não tinha vez. Solenidade de procissão, sem padre e cantoria. Janelas ficavam mais abertas para espiar. Só uma casa se mantinha rigorosamente alheia, como vazia. É que morava lá a antiga namorada do noivo – o gênio dos dois não combinava, tinham chegado a compromisso, logo desfeito. Murmurava-se que à passagem do cortejo em frente àquela casa, o noivo seria agravado. Não houve nada: silêncio, portas e janelas cerradas, apenas. E o cortejo seguia brilhante, levando o noivo filho de “coronel” fazendeiro, gente de muita circunstância, rumo à casa do doutor juiz, gente de igual altura. A casa era “o sobrado”, assim a chamavam por sua imponência de massa e requinte: escadaria de pedra em dois lanços, amplo frontispício abrindo em sacadas, sob a cimalha a estatueta de louça-da-china – espetáculo.”
Em: Caminhos de João Brandão, Carlos Drummond de Andrade, Rio de Janeiro, José Olympio: 1976, 2ª edição, “Entre a orquídea e o presépio” p. 98



