Vaso com margaridas e outras flores, 1943
José Pancetti (Brasil, 1902 -1858)
óleo sobre tela, 46 x 38 cm
Vaso de flores, 1935
Eugênio Latour (Brasil,1874-1942)
óleo sobre tela, 62 X 51 cm
Vaso com margaridas e outras flores, 1943
José Pancetti (Brasil, 1902 -1858)
óleo sobre tela, 46 x 38 cm
Vaso de flores, 1935
Eugênio Latour (Brasil,1874-1942)
óleo sobre tela, 62 X 51 cm
Cidade geométrica, 1985
Cláudio Tozzi (Brasil, 1944)
acrílica sobre tela colada em madeira, 90 x 200 cm
A minha roça eu troquei
pelas luzes da cidade.
Nesse dia eu comecei
meu plantio de saudade!
(Arlindo Tadeu Hagen)
Jovem sentimental, 1920-22
Ubaldo Oppi (Itália, 1889-1942)
óleo sobre placa
Museo d’Arte Moderna e Contemporanea di Trento e Rovereto
A carteira, de Francesca Giannone, traduzido para o português por Roberta Sartori [Editora LVM: 2024] , é o primeiro romance da autora, chamada por alguns como uma “segunda Elena Ferrante“. Esse livro foi vencedor do Prêmio Bancarella de 2023. A comparação com Ferrante talvez seja uma das razões de seu grande sucesso – mais de 625.000 livros vendidos em 2023. Só a localização italiana, acompanhando a narrativa sobre uma mulher e sua família, amigos e parentes, no entanto, não é suficiente para transformá-la em uma segunda autora com potencial de ser universalmente aclamada. Falta-lhe a riqueza nos detalhes relevantes, e o desenvolvimento psicológico dos personagens esboçados para que a comparação se justifique.
Uma história com ingredientes interessantes que se perde, nas quatrocentas e mais páginas: detalhes desimportantes, com laudas facilmente subtraíveis, sobretudo no último terço, sobre a construção da Casa da Mulher. A sinopse parecia boa: uma mulher do norte da Itália se casa com um italiano do sul e vai morar com ele na Puglia, onde ele se encarrega de desenvolver uma vinícola, nas terras que herdou. Anna o acompanha. Dona de um espírito independente, culta, leitora, acaba trabalhando como carteira da cidade, após concurso, quando quebra as expectativas de todos, familiares e habitantes locais, por trabalhar numa posição até então ocupada por homens. Considerada uma estranha no ninho, por seus hábitos e linguagem de outra região, ela teria a oportunidade de conhecer e interagir com os habitantes de Lizanello, [Lecce] entregando cartas e telegramas para toda a população.
No entanto, essa troca entre habitantes e Anna não é explorada pela autora, ainda que seja sugerida na sinopse. O livro se arrasta cobrindo algumas décadas da vida da carteira, enquanto a trama se perde no núcleo familiar de Anna, seu marido Carlo e filho Roberto; na atração que Antonio, irmão de Carlo, tem por Ana, no passado de Carlo, familiares, filhos legítimos ou não, e um ou outro personagem como Giovanna vítima de um relacionamento abusivo com um padre. Mas se espremermos o conteúdo temos uma novela televisiva, em que intrigas e amores proibidos são alimento para um longo volume que merecia bom editor, para cortar cenas inúteis, diálogos que não levam a nada e enchem o leitor de informação espúria para a trama.
Terminei o livro com a sensação de tempo perdido. É superficial. É adolescente. Não é livro para leitor maduro. Francesca Giannone poderia e deveria entregar mais. Percebi nela algumas características que costumo ver nos escritores de primeira viagem. Sua obra poderia ser melhorada com a assistência de um bom editor. Pergunto-me : para que um prólogo? Em que ele ajudou nessa narrativa? Outros detalhes de primeiros romances: muitos personagens nomeados que aparecem uma única vez e não participam mais do resto da trama. Uma das primeiras regras de uma boa edição: personagens com nomes devem ser sempre aqueles que o leitor precisa gravar para entender o enredo. Enfim, há espaço para melhorias na escrita. Mas é preciso que a autora e que seus editores queiram que isso aconteça, e que não se deitem no sucesso da primeira obra, porque pode ser que não se sustente. Francesca Giannone toca em assuntos queridos na atualidade: emancipação feminina, mulheres trabalhando, votando, mulheres em profissões fora do esperado, mudança em preconceitos sociais. Mas não se aprofunda em nenhum desses aspectos. Tudo não passa de conversa fiada, de um aceno ao espírito da época.
Uma palavra sobre a edição brasileira: deveria ter tido mais rigor na revisão. Aponto aqui alguns problemas que saltaram aos olhos: duas maneiras de escrever o nome Agata ou Agatha. Ambos aparecem no texto. Há frases inteiras que não fazem sentido, mostro algumas mas há mais. Imagino serem resultado de uma revisão final pela inteligência artificial que não distingue homônimos ou que deixa passar a palavra correta na ordem errada. 1) “Ela havia ficara em recuperação.” [169]; “ele cresceu de forma surpreendentemente” [228]; “No final, ele dará há algo para ele também” [350] “A dela mãe a expulsou de casa” [433].
Não recomendo. Preferiria dar uma estrela negativa, mas não posso. Fica uma estrela pelo esforço da escritora, pela tradução e alguns pontos a menos pela revisão editorial. Não conheço essa editora. Não começamos com o pé direito. Espero que melhorem no futuro. Não pretendo colocar o Prêmio Bancarella entre aqueles cujos vencedores farão parte da minha lista de futuras leituras. Ver que esse prêmio existe há setenta e dois anos e que teve como vencedores Ernest Hemingway (1953), Boris Pasternak (1958), Oriana Fallacci (1970); Umberto Eco (1989) entre outros conhecidos nomes da literatura mundial é surpreendente. Não sei o que houve em 2023.
NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem incentivos para a promoção de livros.
São Jorge, 1931
Cândido Portinari (Brasil, 1903-1962)
nanquim e guache sobre papel, 53 x 34 cm
São Jorge, 1976
Adelson do Prado (Brasil, 1944-2013)
óleo sobre tela
São Jorge
Clóvis Graciano (Brasil, 1907-1988)
óleo sobre tela, 80 x 60 cm
Vila de Casas em Porto Seguro – BA,1978
Sérgio Telles (Brasil, 1936- 2022)
óleo sobre tela, 54 X 73 cm
Porto Seguro em homenagem ao dia 22 de abril, data do Descobrimento do Brasil.
Abril foi um mês de muita alegria para aqueles que como eu gostam do pequeno e delicioso museu The Frick Collection, em Nova York. Aberto em 1935, em 2020 fechou para o público para melhorias no edifício. Não estive lá para a reabertura depois de cinco anos de reformas, mas devo conhecer a casa reformada em breve. E é nesse contexto que o escultor Vladimir Kanevsky nascido na Ucrânia em 1951, que emigrou para os Estados Unidos em 1989m também tem uma maravilhosa exposição de seus trabalhos em porcelana. Formado em arquitetura, pensou em seguir carreira como escultor, mas acabou trabalhando com porcelana. As voltas que o mundo dá! Por isso mesmo a vida é interessante, não é? Ele já expôs no mundo inteiro. Todas as fotos aqui exibidas são cortesia: Copyright, The Frick Collection.


A execução de Tiradentes, 1961
Alberto da Veiga Guignard (Brasil, 1896-1962)
óleo sobre madeira, 60 x 80 cm
Coleção Particular
Três curiosidades sobre este quadro:
1- É a única obra de pintura histórica de Guignard
2- Ele localizou o enforcamento de Tiradentes em Ouro Preto, quando na verdade aconteceu na cidade do Rio de Janeiro.
3- Foi comissionado por Juscelino Kubistchek, presidente do país na época.