Medalhão circular com borda decorada no padrão escamas de peixe, quadrados vermelho e verde e desenhos florais alternando com padrão treliça com fundo cor de pêssego. No centro um unicórnio laranja, sobre fundo verde com árvores azuis e nuvens cor de laranja,
Ilustração, anos 20, de Umberto Brunelleschi (Itália, 1879-1949)
“Pessoas com vidas interessantes não têm fricote. Elas trocam de cidade. Investem em projetos sem garantia. Interessam-se por gente que é o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego em vista. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostos a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida.”
Carruagem de prata e prata dourada, na forma de barril, c. 1900
Provavelmente Austro-húngara
comprimento: 40,6 cm; peso total, 4.087 gramas
Carruagem em formato de barril sobre quatro rodas, puxada por dois cavalos que portam selas em esmalte vermelho. O corpo da carruagem é decorado com folhas de parreira em esmalte verde e grandes cachos de uvas formados por pérolas, corais e contas coloridas. O condutor está à frente do veículo, com dois anjinhos (putti) no topo. Os cestos pendurados dos dois lados são removíveis. Atrás há uma torneira encimada por um puto. O conjunto está sobre uma base retangular cinzelada no desenho de treliça e folhagem em volutas nos pés de bronze.
Minha amiga Regina Porto do blog Livro Errante indicou Nas pegadas da alemoa, de Ilko Minev [Buzz Editora: 2021] para leitura. Marcamos de conversar sobre o livro no último dia do mês, mas já vou colocar aqui minhas impressões. Foi uma ótima surpresa. Gostei da leitura principalmente porque aprendi muito sobre o norte do Brasil, sobre a Amazônia, sobre o Amapá. É uma região do Brasil que não conheço, mas que atrai o olhar do mundo todo, que está nas manchetes há anos e que nós brasileiros aqui do sudeste em geral não conhecemos bem.
Eu classificaria essa obra como aventura, com informações históricas, tratadas com objetividade jornalística, detalhando riquezas e perigos no meio ambiente, tudo isso com um leve toque de romance para suavizar a narrativa e não considerá-la exclusivamente texto instrutivo. O autor não escreveu esse romance para competir com Dostoiévski ou Gabriel Garcia Marquez. Sua intenção é informar e divertir. E consegue. Dois de seus livros já se tornaram best-sellers no Brasil. Este, que ficou cinco semanas consecutivas na lista dos mais vendidos no país em 2022, e Na sombra do mundo perdido, que ainda não li, entre os mais vendidos em 2018. Ilko Minev tem uma história pessoal interessante que o deixa ao mesmo tempo narrar como observador de fora e mostrar a vida amazônica no seu âmago. Naturalizado brasileiro, nasceu na Bulgária, de onde emigrou, graças às restrições políticas do governo comunista na época. Eventualmente veio para o Brasil, depois de uma parada na Bélgica. Formado em economia, era para ter ficado por seis meses trabalhando no setor eletrônico, em 1972, mas foi ficando. E ficou, para nossa alegria, orgulho e enriquecimento. Tornou-se um empreendedor de sucesso no Amazonas, fazendo parte da comunidade judaica de Manaus. Quando se aposentou, dedicou-se a escrever histórias da Amazônia.
O livro começa contando algo surpreendente: a Alemanha, antes da Segunda Guerra Mundial havia mandado uma expedição para exploração do território brasileiro, no Amapá. Vieram com muito material. Estavam ciumentos da França, da Inglaterra e da Holanda terem aqueles territórios ricos das guianas (que ainda não eram países independentes) e queriam explorar o Amapá para terem também sua “guiana”… Eu nunca tinha ouvido falar disso e fiquei surpresa.
“… em 1935, ainda antes da Segunda Guerra Mundial, realmente houve uma bem organizada e bastante sofisticada expedição alemã, munida de hidroavião e de outros recursos avançados para a época, que, com a ajuda do governo Vargas, passou um ano e sete meses conhecendo e mapeando aquela remota e completamente desconhecida região na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Pelo que pesquisei, os alemães colheram amostras, catalogaram boa parte da flora e da fauna e estabeleceram contato com as tribos indígenas antes mesmo de o Brasil marcar presença naquelas bandas.”
Ilko Minev
Assim como esse fato histórico é apresentado, detalhes da vida cotidiana no norte do país são apresentados com riqueza suficiente para deixar curiosidade e gosto de quero mais. Não só detalhes históricos do passado, descrições de pequenas cidades na Amazônia ou testemunhos do trabalho das ONGs ou até mesmo políticas do governo francês em relação à Guiana, mas também descrições das cachoeiras e plantas da região seduzem o leitor. Mas esse é o relato de uma aventura que deixa o leitor torcendo pelo sucesso da excursão planejada para procurar uma pessoa, conhecida como Alemoa, fruto de um casamento da época do expedição alemã ao Amapá. Mas sabendo de todo o planejamento que foi feito, torcemos com mais gosto ainda para um final feliz
Gostei muito do livro e recomendo a todos que queiram fazer um giro pelo norte do Brasil de hoje. A linguagem é clara, narrativa direta, um tantinho de romance para ligar a trama do início ao fim e muito, muito conhecimento generosamente oferecido.
NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem incentivos para a promoção de livros.