Sem título, Olinda, 2011
Joãi Câmara (Brasil, 1944)
óleo sobre madeira, 170 x120 cm
“Acho sinceramente que, mesmo quando nos esforçamos para criar uma personagem original que não se pareça com nenhuma outra da vida real ou da literatura, não nos conseguimos livrar das influências principalmente das de nossa vivência. E o perigo dessas influências é tanto maior quando se sabe que no mais das vezes elas não estão no consciente, mas no inconsciente, de onde misteriosamente ditam nossos pensamentos e guiam a mão que escreve. Enquanto isso, nós nos deixamos embriagar pela orgulhosa ideia de que personagens e histórias vão brotando de nosso cérebro, novas como o primeiro homem na manhã da criação, frutos exclusivos de nossa ‘capacidade criadora’, de nosso ‘talento inventivo’.
A verdade, porém, é que ninguém se livra de suas próprias lembranças, nem de velhas idiossincrasias, malquerenças e desejos recalcados. E, quando se trata dum romancista, essas impurezas mais tarde ou mais cedo acabam aparecendo na face ou na alma de suas personagens.”
Citação encontrada em: Galeria Fosca. Pesq. e Org. Cristina Penz. Rio de Janeiro: Globo, 1987







