De roupas e identidade…

18 05 2022

Banho público, c. 1470                    

Facta et dicta memorabilia de Valerius Maximus (f. 244)

Staatsbibliothek, Berlín-Preussischer Kulturbesitz

 

 

“Uma das novelas de Sercambi põe em cena um peleteiro de Luca que,tendo-se dirigido ao banho público e se despojado de suas roupas, foi subitamente tomado de pânico à ideia de perder sua identidade na multidão anônima dos corpos. Coloca então sobre seu ombro direito uma cruz de palha e agarra-se a esse sinal como a uma boia; mas a cruz se desprende e desliza sobre seu vizinho, que dela se apodera: “Eu é que sou tu; desaparece, estás morto!” e o peleteiro decididamente desnorteado, está convencido de seu próprio trespasse.

O humor negro é uma constante de todas as épocas, como o homem sem qualidades, que a lógica do verbo basta para matar.  Mas  a fábula toscana tem sobretudo a virtude de lembrar a fragilidade das definições profissionais e do orgulho social num terreno e num meio em que o sucesso individual era exaltado de todas as maneiras. A identidade se perde com o  traje, porque o homem social é um homem vestido.”

 

Em: História da vida privada, 2: da Europa feudal à Renascença, organização de Georges Duby, tradução de Maria Lúcia Machado, São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p.560





Hoje é dia de feira: frutas e legumes frescos!

18 05 2022

Natureza morta com laranjas

Salvador Caruso (Brasil, 1906-1951)

óleo sobre madeira, 29 x 37 cm