Outonais…

12 05 2022

Há muito tempo sigo Maria Popova, suas excelentes considerações sobre arte, vida, livros, no site que se chamava Brain Pickings,  hoje, The Marginalian. Suas observações sobre as artes, ponderações sobre a vida, são imperdíveis e adicionam conhecimento e reflexão aos que procuram conteúdo na web.  Recebi há algum tempo, suas notas sobre o Outono.  Sim, ela está no hemisfério norte, nos Estados Unidos, ainda que seja nativa da Bulgária. E acabei refletindo também sobre essa estação do ano, a de que mais gosto.  Como residente no Rio de Janeiro, reconheço que outono ou primavera, quase se assemelham por aqui, mas é fascinante ver a distinta divisão de estações do ano em muito locais do hemisfério norte. Como morei por mais de três décadas acima do Equador, posso dizer com segurança: o outono é a estação em que me sinto mais confortável. Ainda que eu tenha simpatia pelas belas imagens trazidas à tona  pelo texto de Popova, marcando o início do fim, a aproximação da meta final de todos nós, seres vivos.  Minha visão do outono é diferente. 

O outono é a mágica da Natureza!  É sua estrondosa celebração.  Último suspiro?  Talvez.  Mas quem não gostaria de morrer depois do aplauso encerrando o maior espetáculo da Terra?  Para começar há a despedida da umidade asfixiante dos dias de calor extremo do verão.  Sim, porque verão no hemisfério norte nem sempre quer dizer temperaturas amenas.  Dias claros, sem chuva, são característicos da época.  E flores, crisântemos e seus primos, margaridões, margaridas e mal-me-queres aparecem vestidos da cores da época, refletindo as mudanças das árvores.  Lá vem eles em potes, nos canteiros, nas guirlandas decorativas das casas, nos jardins, amarelos, laranjas, vermelho escuros, quase marrons.

O outono é a estação das colheitas, da preparação para a sobrevivência no inverno.  É o ponto de partida para garantirmos, tanto quanto possível, a continuação da vida.  É a época do investimento.  Dos frutos colhidos se tornarem comida para os meses seguintes. É a hora de usarmos os conhecimentos ancestrais, de avós e bisavós, para enchermos a despensa com  geleias, salgar os peixes, as carnes, secar as flores, as folhas para os chás, de fazer conservas de frutas e legumes.  É também a época de plantar os bulbos que só virão  a florescer na primavera: tulipas, narcisos, jacintos, anêmonas, lírios e muitos outros que necessitam de hibernação. Portanto, é uma estação encantadora, num bom ano, repleta de alegrias.