Leituras em 2022: O último duelo, Eric Jager, resenha

4 01 2022

Comecei bem o ano lendoO último duelo, de Eric Jager.  Baseado em fatos reais, com extensa pesquisa histórica, essa narrativa não é só detalhada na precisão de dados da vida medieval como é tão intrigante que se torna um livro que queremos saber o final, para saber o resultado de uma grande batalha entre dois homens.

A história se passa no final do século XIV, na França.  Dois vizinhos e amigos, Jean de Carrouges e Jacques Le Gris, começam a se estranhar desde que Le Gris, recebe maiores benesses do Conde Pierre d’Alençon.  Enciumado, Carrouges procura justiça junto ao Conde, sem sucesso.  Os benefícios que Le Gris recebe continuam, mesmo que Carrouges saia para batalhas a favor da França. É reconhecido como grande lutador, mas as terras que deseja não lhe são dadas.

Ambos os homens têm personalidades que ora nos irritam, ora nos fazem querer que sejam bem sucedidos.  Mas um dia, a esposa de Carrouges é estuprada em casa, quando seu consorte se encontra em outra cidade.  Ele reconhece Le Gris como o estuprador e se recusa a ficar calada sobre o crime. Conta ao marido que, então, resolve levar o caso ao rei.

Nesta época, na França, a resolução por duelo estava quase extinta.  Mas este era um crime de honra e, eventualmente, o rei dá permissão para que o duelo aconteça.  No entanto, é necessário lembrar, que este duelo era até a morte de uma das partes.  Quem morresse era considerado culpado, e quem sobrevivesse era considerado inocente, porque Deus o salvara.  Neste caso, Carrouges se morresse,  ou seja se fosse considerado culpado, sua esposa, Marguerite, iria sofrer também, pois seroa queimada viva, por falso testemunho sobre o sobrevivente. 

Mais importante do que a grande pesquisa, bem documentada, feita pelo autor na França, e que o texto traz deliciosas iluminuras de manuscritos de época, é a narrativa repleta de suspense, de ação, é levada com grande habilidade.  Mesmo que não sejamos especialistas de história medieval, conseguimos acompanhar bem; e se nossa preferência é por um livro de aventuras, também ficamos satisfeitos.  Apesar de toda pesquisa, fatos corroborados por documentação, não interrompem a leitura que se assemelha a um livro de mistério, de tanto que queremos saber o desfecho.

Eric Jager

Eric Jager é um crítico literário americano e especialista em literatura medieval, professor universitário  com alguns livros publicados e outro romance não traduzido,  Blood Royal, a true tale of crime and detection in Medieval Paris. Um pesquisador que definitivamente domina a arte da narrativa, dos thrillers e mistérios, sem comprometer a pesquisa histórica. 

Foi um prazer ler este livro.  Não há diálogos. Mas a narrativa é forte, bem ritmada.  E saímos da leitura certos de termos conhecido intimamente as qualidades e os defeitos dos dois homens centrais no romance.  Recomendo a leitura, sem restrições.  Mas se você gosta de ficção histórica, se é apaixonado pela idade média ou se gosta de um mistério respondido só nos parágrafos finais, esse livro, é para você.

 

 

NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem incentivos para a promoção de livros.


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