Hoje é dia de feira: frutas e legumes frescos!

25 08 2021

Legumes e jarra sobre a mesa

Geraldo de Castro (Brasil, 1914-1992)

óleo sobre tela, 50 x 65 cm





Minha avó, de Curtis Sittenfeld

25 08 2021

Lendo no ateliê do artista

Barry Thomas (EUA, 1961)

óleo sobre tela, 76 x 101 cm

 

 

“Vovó nunca passava o aspirador ou varria e apenas em raras ocasiões — se meus pais não estivessem em casa ou se mamãe estivesse doente — ela cozinhava, preparando pratos notáveis pela total ausência de alimentos nutritivos. Um jantar poderia consistir de queijo frito e panquecas mal cozidas. O que vovó realmente fazia era ler; era desse modo que passava o tempo. Não raro, ela terminava um livro em um dia — preferia os romances, principalmente os dos mestres russos, mas também lia histórias, biografias e suspenses sangrentos. Passava horas e horas, durante toda a manhã e a tarde, sentada na sala de estar ou na cama (que estaria arrumada, e ela vestida), virando as páginas e fumando cigarros Pall Mall.  Desde cedo, compreendi que, do ponto de vista doméstico, que é o mesmo que dizer na opinião dos meus pais, vovó não era simplesmente inteligente e fútil; sua inteligência e futilidade estavam entrelaçadas.  Ela podia lhe contar tudo sobre a maldição do diamante Hope ou sobre o canibalismo praticado pelo grupo de emigrantes conhecido como Donner Party — não que ela devesse ter vergonha de saber sobre tudo isso, mas também não havia razão para ficar orgulhosa. As curiosidades e histórias que ela contava eram interessantes, mas nada tinham a ver com a vida real: pagar a hipoteca, lavar uma panela, manter a casa aquecida nos invernos rigorosos de Wisconsin.”

 

Em: A esposa americana, Curtis Sittenfeld , tradução de Natalie Gerhardt, Rio de Janeiro, Editora Record: 2010, pp. 20-21.