Leitora, 1905
Theodeor Axentowicz, (Polônia 1859- 1938)
pastel sobre papel
“E o sol do amor, que não entrava outrora,
Entra dourando a areia dos caminhos.”
Olavo Bilac (Brasil, 1865-1918), em Via Láctea, 1888, IV [“Como a floresta secular, sombria”]
Leitora, 1905
Theodeor Axentowicz, (Polônia 1859- 1938)
pastel sobre papel
Olavo Bilac (Brasil, 1865-1918), em Via Láctea, 1888, IV [“Como a floresta secular, sombria”]
Porto de Santos, 1986
Aldemir Martins (Brasil, 1922-2006)
acrílica sobre tela, 54 x 46 cm
Ribeiro Couto
Nasci junto ao porto ouvindo o barulho dos embarques.
Os pesados carretões de café
Sacudiram as ruas, faziam trepidar o meu berço.
Cresci junto ao porto, vendo a azáfama dos embarques.
O apito triste dos cargueiros que partiam
Deixava longas ressonâncias na minha rua.
Brinquei de pegador entre os vagões das docas.
Os grãos de café, perdidos no lajedo,
Eram pedrinhas que eu atirava noutros meninos.
As grades de ferro dos armazéns, fechados à noite,
Faziam sonhar (tantas mercadorias!)
E me ensinavam a poesia do comércio.
Sou bem teu filho, ó cidade marítima,
Tenho no sangue o instinto da partida,
O amor dos estrangeiros e das nações.
Oh, não me esqueças, nunca, ó cidade marítima,
Que eu te trago comigo por todos os climas
E o cheiro do café me dá tua presença.
Em: Poesia Brasileira para a Infância, Cassiano Nunes e Mário da Silva Brito, São Paulo, Saraiva: 1967, Coleção Henriqueta, p. 17.


