Sem título, 2014
[No camarote]
Reynaldo Fonseca (Brasil, 1925)
óleo sobre tela
Estela e Nize
Alvarenga Peixoto
Eu vi a linda Estela, e namorado
Fiz logo eterno voto de querê-la;
Mas vi depois a Nize, e é tão bela,
Que merece igualmente o meu cuidado.
A qual escolherei, se neste estado
Não posso distinguir Nize d’Estela?
Se Nize vir aqui, morro por ela;
Se Estela agora vir, fico abrasado.
Mas, ah! que aquela me despreza amante,
Pois sabe que estou preso em outros braços,
E esta não me quer por inconstante.
Vem, Cupido, soltar-me destes laços,
Ou faz de dois semblantes um semblante,
Ou divide o meu peito em dois pedaços!
Em: Alvarenga Peixoto, Obras Poéticas. Edição da Prefeitura do Município de São Paulo, [Coleção Documentos – Clube da Poesia], 1956, p.29.
Alvarenga Peixoto (Brasil, 1742-1793) advogado e poeta do círculo da Inconfidência Mineira. Foi preso e degredado para a África.




