O segredo da grandeza da Inglaterra, 1863
[Rainha Vitória presenteando uma Bíblia na Câmara de Audiência, no Castelo Windsor]
Thomas Jones Barker (GB, ? — 1882)
óleo sobre tela
National Portrait Gallery, Londres
“Por fim, Mamoon abriu os olhos para dizer: “Vivemos num país que só tem passado e nenhum futuro. SE sou conservador é porque desejo conservar o que considero o caráter desse passado, da Inglaterra, e do povo inglês. Sou imigrante, mas a Inglaterra é meu lar. Passei mais tempo neste deserto de macacos, nesta democracia de asnos, do que em qualquer outro lugar. Também tenho acompanhado sua comédia e sua tragédia com muito interesse. Quando eu era criança a Grã-Bretanha era o país mais poderoso do planeta, seus representantes eram temidos e admirados. Adoro o ceticismo que ele desenvolveu nos anos 60, a maneira como as figuras políticas, longe de serem idealizadas, como são muitas vezes em outros países, são avacalhadas e ridicularizadas sem medo.
“Porem agora, ao que parece, nós, escritores e artistas não temos permissão para ofender. Não devemos questionar, criticar ou insultar os outros, com medo de sermos perseguidos e assassinados. Hoje em dia, um escritor sem guarda-costas dificilmente pode ser considerado um escritor sério. Uma resenha ruim é o menor de nossos problemas. Qualquer idiota que acredite em qualquer insanidade deve ser tratado com complacência, porque é seu direito humano. O direito de falar é sempre usurpado, sempre condicional. Temo que o jogo esteja quase encerrado para a verdade. As pessoas não a desejam; não as ajuda a ficarem ricas.”
Em: A última palavra, Hanif Kureishi, São Paulo, Cia das Letras:2016, p. 117