Grafite próximo à Praça Tahrir no Cairo, autoria desconhecida.
“A praça Tahrir é a grande rotunda do Cairo, uma rosa dos ventos onde em dias de trânsito normal os carros se cruzam entre ocidente e oriente, norte e sul.
Na ponta norte, o Museu Egípcio, atração de turistas que talvez esqueçam o nome do enigmático Akhenaton mas não esquecerão o tesouro do seu filho Tutankhamon. Na ponta sul, os vinte andares e corredores do Mugamma, colosso temível da burocracia egípcia. Para oriente, a Universidade Americana do Cairo, que há décadas forma as elites locais. E, mais para oriente, a Sharia Tahrir ou a Talaat Harb, ruas de belas fachadas art déco impregnadas de fuligem, com cafés onde os homens se sentam a fumar narguilé.
Aqui vinha todas as manhãs Naguid Mahfouz, o mais reconhecidoo romancista árabe, Prêmio Nobel em 1988. No café Ali Baba lia os jornais e recebia quem aparecesse, com quem abre a porta de casa. E foi por aqui que Gabal Abdel Nasser planejou a sua revolução republicana de 1952.
Centrípeta e pulsante a praça Tahrir é o destinoo natural de uma revolução.”
Em: Tahrir: os dias da revolução no Egito, Alexandra Lucas Coelho, Rio de Janeiro, Língua Geral:2011, páginas 15-6.