Poetas na Arte, Os objetos, poesia de Odylo Costa Filho

25 11 2015

 

ray.jpg chardinNatureza morta com arraia, 1728

Jean-Baptiste-Siméon Chardin (França, 1699-1779)

óleo sobre tela, 114 x 146 cm

Museu do Louvre, Paris

 

 

Os objetos

 

Odylo Costa Filho

 

 

No fechado silêncio dos objetos

mais simples mora um toque de magia.

De um só tijolo nasce a casa: afetos,

barro, sol, água, mesa, moradia,

 

e a presença tenaz das mãos humanas

afeiçoando o mistério da existência

e dando às coisas mais cotidianas

senso de vida — e de sobrevivência.

 

Chardin, quando há dois séculos viveu,

uma arraia pintou, disforme, aberta

em sangue e dentes, agressiva e forte.

 

Veio o tempo e com ele emudeceu

muita moda que a glória julgou certa.

Aquela arraia sobrevive à morte.

 

 

Em: Boca da noite, Odylo Costa Filho, Rio de Janeiro, Salamandra: 1979, p. 47

 


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