Edmund Tarbell (EUA, 1862-1938)
óleo sobre tela, 81 x 72 cm
Museu de Belas Artes, Boston
Edmund Tarbell (EUA, 1862-1938)
óleo sobre tela, 81 x 72 cm
Museu de Belas Artes, Boston
Sérgio Telles (Brasil, 1936)
óleo sobre tela, 73 x 116 cm
Joan Miró (Espanha, 1893-1983)
óleo sobre tela, 66 x 90 cm
Albright-Knox Art Gallery, Buffalo
♦ Miró declara que não pode separar a poesia da pintura. Rompe a linha convencional do discurso realista, criando a sigla, o número plástico, a alusão.
♦ Exorciza o lado mecânico do nosso tempo. Organizando a infância futura, consegue, em todos os casos, conciliar sonho e disciplina racional.
♦ Sacrifica a quantidade da informação à qualidade lírica, a espessura à sutileza.
♦ Nem surrealista, nem abstrato ortodoxo, escapa às etiquetas.
♦ Sabe que o mundo através de seus sistemas gastos impede por exemplo o pássaro de telegrafar à pedra; impede as estrelas de jogarem aos dados; a formiga de pedir a palavra; um cachorro de puxar aquela moça por um cordel.
♦ Encontrei Miró em Paris, Barcelona, Palma de Maiorca, Roma. Vi-o, artesão refinado, atento à transposição da forma, ao limite do objeto. Traduz a cenografia do mar, decifra o enigma da bola, do peixe, do triângulo. Põe o cosmo no bolso. Calígrafo, criador de signos, invencível inventor.
♦ Miró extrai o maravilhoso da coisa imediata, visível; transforma em realidade a faixa onírica.
1973
Em: Transístor, Murilo Mendes, Rio de Janeiro, Nova Fronteira: 1980,pp. 224-25.


