A mochila, poesia de Reynaldo Valinho Alvarez

30 06 2014

 

 

elizabeth beckerIlustração de Elizabeth Becker.

 

 

A mochila

Reynaldo Valinho Alvarez

 

Carrego na mochila, entre outros trastes,

três ou quatro verdades importantes.

O resto é de mentiras. São contrastes

que entrego às outras partes contrastantes.

A lira não me vale. São desastres

o que encontro nos outros caminhantes.

Na terra devastada, erguem-se as hastes

das lanças e dos canos fumegantes.

A mochila me pesa. As três verdades

ou quatro, já não sei, não pesam tanto,

mude-se o tempo e mudem-se as vontades.

O que me dói ou pesa, ou o que é um espanto

é que um modesto grama de inverdades

valha um tonel de torpe desengano.

 

 

Em: Galope do tempo, Reynaldo Valinho Alvarez, Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro: 1997, p. 55


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6 responses

1 07 2014
Avatar de Adriano Yamamoto Adriano Yamamoto

Muito, bom. Parabéns pela escolha.

1 07 2014
Avatar de peregrinacultural peregrinacultural

Obrigada. Gosto bastante deste poeta ainda que conheça pouco dele. 😉

1 07 2014
Avatar de Valéria Miguez (LELLA) Valéria Miguez (LELLA)

Me peguei a pensar que verdades ele leva na mochila.

1 07 2014
Avatar de peregrinacultural peregrinacultural

LELLA, interessante… eu não cheguei a pensar nisso…

2 07 2014
Avatar de Maria Helena Oswaldo Cruz Maria Helena Oswaldo Cruz

Interessante.

15 08 2017
Avatar de tainara tais de terec tainara tais de terec

gostei muito …parabéns…!

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